Mães dão dicas de como acolher e respeitar ao descobrir que filho é gay
O duque de Cambridge, Príncipe William, revelou esta semana, durante visita à sede da organização LGBT Albert Kennedy Trust, como seria sua reação caso um de seus filhos - George, Charlotte ou Louis - fosse gay. "Eu apoio totalmente qualquer decisão que eles tomarem", declarou.
Em um primeiro momento, muitos pais levam um choque ao descobrirem a orientação sexual dos filhos. Seja por uma visão religiosa, frustração pelo fato dos herdeiros não seguirem o tradicional modelo de família, ou mesmo pela tensão de saber que eles certamente vão sofrer com o sofrimento alheio.
Mas como ajudá-los nesse processo, respeitando e acolhendo a decisão?
Para a produtora Ninna Carim, que participa do grupo Mães pela Diversidade, de São Paulo (SP), a atitude mais simples de se fazer é ouvir. “Quando uma pessoa se assume, ele sempre espera ser acolhido pela família”, aconselha.
Além disso, segundo ela, o processo pode se tornar mais fácil para mães e pais com a leitura de textos sobre o tema e da participação em pautas da comunidade LGBT, como a criminalização da homofobia ou o fato de que homossexuais não podem doar sangue, que são reclamações da comunidade.
ACOLHIMENTO
Um dos principais objetivos do Mães Pela Diversidade é prestar suporte para pais e mães que desejam aceitar a sexualidade de seus filhos.
O grupo, uma criação de Majú Giorgi, surgiu há pouco mais de 10 anos. Na época, ela tomava conta de tudo praticamente sozinha e eram poucas as conquistas para a comunidade LGBT.
“Não estamos pedindo para ninguém amar os nossos filhos. Nós já amamos. Queremos respeito!”, desabafou a ativista, durante um debate com o tema “Mães Pelo Preconceito” em 15 de junho. Hoje, o Mães Pela Diversidade se expandiu tanto que já atua em 24 cidades brasileiras.
SAÚDE MENTAL
E essa aceitação se mostra cada vez mais importante. De acordo com uma pesquisa feita pela Revista Brasileira de Enfermagem, em 2017, estima-se que a maneira como a família reage quando uma pessoa “sai do armário” influencia na qualidade de vida e na saúde dela.
Ou seja, reações negativas dos entes queridos estão associadas com menor apoio social e maior incidência de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.
Segundo o estudo, “a família é um importante componente da rede de apoio social destes adolescentes e jovens, podendo potencializar a vulnerabilidade ou aumentar a resiliência, através do apoio social.”
SAIA JUNTO DO ARMÁRIO
Foto: Rita e Lucas durante a Parada LGBT
A psicóloga Arlete Yamamoto, que faz parte projeto, simplifica este processo de aceitação em três palavras: “amor, respeito e cumplicidade”.
Ela conta que seu filho, atualmente com 29 anos, assumiu a sexualidade aos 20. Arlete fez questão de acompanhar desde o início o processo de descoberta. “O amor e o respeito fez toda a diferença”, revela.
Já a técnica de enfermagem Rita da Silva aconselha que os pais saiam do armário junto com seus herdeiros. "Eles precisam da nossa ajuda e apoio. Precisam ter um refúgio e acho que ninguém melhor para ser esse refúgio do que os pais".