O transporte via moto de aplicativo divide opiniões, sobretudo quando o assunto é a segurança, mas o serviço segue acumulando usuários e motoristas
Publicado em 19/09/2024, às 13h00
Você pegaria mototáxi? Essa simples pergunta pode causar arrepios em muita gente. Por outro lado, há quem não dispensa o serviço de moto de aplicativo. E, ao que parece, essa modalidade tem tudo para virar um tendência ainda maior nos próximos anos.
As duas principais empresas do ramo, Uber e 99, atendem, somadas, mais de 3 mil cidades brasileiras. Entre esses locais, estão 25 capitais — as únicas exceções são Brasília e São Paulo. Porém, o serviço pode passar a atender também os usuários destas regiões.
Ao UOL, Bruno Rossini, diretor de comunicação da 99, confirmou que a maior cidade do país está na mira da empresa para o transporte de passageiros em moto de aplicativo: "Temos dialogado com a prefeitura. Os motociclistas querem, as pessoas querem".
E a fala do representante é corroborada por números. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Access Partnership a pedido da 99, 59% dos entrevistados afirmavam que usariam serviços de moto de aplicativo se estivessem disponíveis na cidade.
Há quem torça o nariz para essa possibilidade. O principal motivo para isso é a segurança (ou falta dela) para os usuários, motoristas e demais envolvidos no trânsito. Inclusive, a segurança foi a razão para o governo de SP vetar as motos por aplicativo na cidade, que chegaram a rodar por alguns dias.
Em janeiro de 2023, o decreto do prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes suspendeu o serviço pela "preocupação envolvendo a segurança e a saúde da população... e o impacto no sistema público de saúde". O relatório cita as mortes no trânsito intenso da capital.
Porém, Rossini garante que "99,9% das corridas terminam de maneira segura", ainda que a pesquisa não faça menção ao tópico. Para ele, os corredores exclusivos para moto também aumentam a segurança. A faixa azul, instalada em várias vias da cidade, já atingiu 200 quilômetros de extensão.
Segundo a Secretaria de Transportes de SP, a permissão do transporte de passageiros por motos de aplicativos "está em estudo", mas não há prazo para uma decisão final. Já a prefeitura da cidade promete sanções administrativas, como multa e até o descredenciamento de operação, para empresas que oferecerem o serviço sem liberação.
Um ponto favorável à permissão do transporte de passageiros em moto por aplicativo é a acessibilidade. Para a 99, o serviço funciona como um complemento ao serviço já oferecido e regularizado para os carros.
A razão disso é que muitos motoristas de carro não chegam em determinados pontos das cidades, sobretudo em regiões de maior insegurança, como as comunidades cariocas. Para Rossini, aA moto complementa o transporte público".
O levantamento em questão, mais uma vez, evidencia pontos positivos em números. No Rio:
Ainda no Rio, a cidade registrou 14.718 atendimentos a vítimas de acidentes com motos em hospitais da rede municipal em 2023. Neste ano, até agosto, eram 12.417. A prefeitura da cidade, no entanto, não consegue distinguir quais casos tem relação com o serviço de moto de aplicativo.