Especialista explica aumento no número de infartos durante o frio
As baixas temperaturas podem aumentar os casos de infarto em até 30%. De acordo com dados do Instituto Nacional de Cardiologia, estima-se que, a cada 10°C de queda na temperatura, o número de infartos aumente em 7%. Assim, estamos mais suscetíveis a esse problema durante o inverno, especialmente os idosos.
O cardiologista João Vicente da Silveira, médico no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo (SP), explica que isso acontece porque, no frio, a temperatura do corpo humano cai, e o organismo se esforça para manter o calor interno em equilíbrio - ao redor de 36,1°C - protegendo os órgãos vitais.
Acontece que, assim, há um estímulo na produção da catecolamina, substância que acelera o metabolismo. “Essa ação gera uma vasoconstrição de todos os vasos sanguíneos, estreitando suas paredes'', explica o médico.
A principal questão, segundo Silveira, é que as artérias diminuem seu calibre, causando um aumento da pressão arterial sanguínea. Isso faz com que o coração precise fazer mais esforço para bombear o sangue, predispondo o indivíduo a problemas cardiovasculares, como infartos e derrames (AVC). Além disso, os casos de arritmias também são favorecidos.
“O aumento da pressão sanguínea sobre as paredes vasculares, já reduzidas pelo mecanismo de proteção contra o frio, facilita que placas de gordura se desloquem no interior de artérias, podendo bloquear o fluxo sanguíneo para o coração e cérebro, o que também facilita esses problemas”, explcia.
De acordo com o especialista, o ar ainda fica mais rarefeito no inverno, deixando as pessoas mais suscetíveis a quadros virais que inflamam o organismo e favorecem o entupimento de artérias com essas placas de gordura, situação nomeada de ateroscleroses.
Outro fator associado ao aumento de casos de infarto no inverno é a baixa umidade e, consequentemente, a desidratação. Com ela, o sangue fica mais denso e viscoso, coagulando com facilidade.
“Isto pode causar uma queda da pressão arterial, levando a uma lipotímia ou síncope, que é a queda abrupta”, esclarece Silveira, ainda falando sobre a desidratação.
Com isso, acidentes, como bater a cabeça ou um carro, por exemplo, podem acontecer, principalmente em idosos. Conforme a idade avança, eles têm, naturalmente, menos água no corpo, além de não ingerirem líquidos de maneira adequada.
Além dos idosos, obesos e sedentários, fumantes e hipertensos precisam se atentar a esse problema nas épocas mais frias. Contudo, mesmo que não faça parte desse grupo, a exposição prolongada ao frio intenso e ao choque térmico deve ser evitada.
Também vale investir em atividades físicas, combinadas com dietas saudáveis, para controlar esses fatores de risco e evitar um problema cardíaco indesejado.
“Vale lembrar que, no inverno, as pessoas ficam mais sedentárias e acabam tendo uma dieta calórica que ajuda a aumentar o açúcar, colesterol e triglicérides no sangue, todos fatores de risco que colaboram para o aumento das doenças cardíacas”, completa João Vicente.