O professor e fisiologista Douglas da C. Braga explica a problemática em torno do consumo de bebidas alcoólicas, como vinhos e cervejas
Publicado em 23/02/2024, às 15h55
Xand Aviãoperdeu 11 quilos após adotar uma série de hábitos saudáveis - entre eles, o consumo zero de bebidas alcoólicas. O cantor, que é fã declarado de cerveja, não bebeu durante 60 dias. O relato retomou o debate sobre o impacto do álcool na saúde. Afinal, cerveja engorda ou não?
E essa é uma dúvida geral: em 2023, o consumo cervejeiro no Brasil superou a marca de 16 bilhões de litros. Por isso, AnaMaria conversou com o professor e fisiologista Douglas daC.Braga, da Universidade Santo Amaro (Unisa), sobre o tema.
O especialista ressalta que o consumo moderado de álcool não está associado ao ganho de peso. No entanto, o consumo excessivo pode acentuar o problema e levar até mesmo à obesidade: “Os efeitos podem variar dependendo do padrão de consumo individual, do tipo de bebida alcoólica e de outros fatores relacionados ao estilo de vida e circunstâncias”.
Ou seja, cerveja engorda! O consumo dela e de outras bebidas alcoólicas pode, de fato, colaborar negativamente com o ganho de peso. Mas por quê? Isto ocorre por várias razões; entenda:
A cerveja, em particular, além de conter álcool, que tem 7 calorias por grama, muitas vezes contém carboidratos. Isso pode aumentar a ingestão total de calorias, contribuindo para o ganho de peso.
O álcool pode afetar negativamente o metabolismo, incluindo a forma como o corpo metaboliza gorduras e carboidratos, o que pode levar ao armazenamento de gordura.
O álcool tem prioridade na metabolização pelo corpo em relação a outros macronutrientes, o que significa que a “queima” de gorduras e carboidratos é postergada, potencialmente levando ao acúmulo de gordura.
O consumo de álcool pode aumentar o apetite e alterar a tomada de decisão, levando a escolhas alimentares mais pobres e a uma maior ingestão de calorias. Na prática: o que acompanha sua cerveja, um prato de salada ou uma porção de batata frita?
A ciência ainda não chegou a um consenso sobre a ingestão de álcool: enquanto alguns artigos indicam que até mesmo o consumo moderado apresenta riscos à saúde, outros sugerem que quantidades pequenas podem ter alguns benefícios para certos aspectos da saúde cardiovascular.
No entanto, Braga reforça que, ainda que comprovado, a situação não justifica o início do consumo de álcool para quem não bebe: “Essa noção de consumo "saudável" de álcool, é um tema complexo e controverso”, explica o professor.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece limites de consumo de álcool recomendados para adultos. O objetivo é minimizar os riscos à saúde, mesmo para quem segue ingerindo cerveja e outros tipos de bebidas alcoólicas.
Cada dose representa 125 mL de vinho, 330 mL de cerveja, ou 40 mL de uma bebida destilada. As quantidades contém entre 10 a 12 gramas de álcool. O ideal é que o consumo seja distribuído em no máximo cinco dias na semana, com pelo menos dois dias de abstenção total.
É importante ressaltar que não há um consenso global sobre a ingestão diária máxima de álcool segura; as recomendações variam de país para país e até internamente, com os limites de consumo sugerido (seguro), oscilando entre 10 a 14 gramas por dose.
O Global Burden of Disease (GBD) propõe uma política de "tolerância zero" ao consumo de álcool, destacando os riscos associados a qualquer nível de ingestão. “Parcimônia sempre”, diz o professor.
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Se o consumo moderado de álcool ainda é alvo de incertezas, o consumo exagerado é consenso entre os especialistas. A ingestão de altas doses da substância está associada a diversos distúrbios e doenças. Entre elas, estão as seguintes alterações:
O consumo de álcool entre os jovens é ainda mais problemático. Milhares de adolescentes iniciam a ingestão de bebidas até mesmo antes dos 18 anos. Além de ir contra a Lei nº 13.106/2015, que proíbe a venda de álcool a menores, o hábito torna-se ainda mais prejudicial.
De acordo com o professor, o início precoce está associado a uma série de problemas:
“Quanto mais precoce a experiência com a ingestão de bebidas alcóolicas, pior é”, reforça o professor, que ressalta a importância de conscientização entre os pais e responsáveis.
As consequências não param por aí! Algumas horas depois - ou no início do dia seguinte à bebedeira, outro sintoma surge: a ressaca. O fenômeno é a combinação de sintomas físicos e mentais que ocorrem após o consumo exagerado de álcool.
"A ressaca é resultado da concentração de álcool no sangue, após sua total metabolização. Isso se dá a cerca de 6 a 8 horas após a ingestão de bebidas alcoólicas e podendo durar até 24 horas”, explica o fisiologista.
Alguns sintomas: