Entra ano, sai ano e o Ovo de Páscoa fica cada vez mais caro. Há quem deixe de comprar, há quem opte pelos ovos artesanais ou quem prefira o chocolate em barra. Ainda que os valores não sejam atrativos, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) pontua que as vendas do varejo deste ano crescerão 2% em comparação com 2023.
Segundo o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, “esse crescimento pode ser atribuído ao aumento da renda e da ocupação, em meio a um contexto de elevado endividamento das famílias, juros ainda altos e diminuição da confiança do consumidor.”
Entretanto, o aumento dos custos de produção – matérias-primas, mão de obra e logística – e demanda sazonal são fatores que aumentam os preços do Ovo de Páscoa todos os anos, uma vez que as empresas ajustam os valores para maximizar os lucros.
“A alta da inflação no Brasil também contribui para o aumento dos preços dos ovos de Páscoa. Os custos de produção, como mão de obra, energia e embalagens, também estão em alta, o que impacta no preço final do produto. Ovos de Páscoa de marcas famosas ou com licenciamentos de personagens infantis geralmente têm preços mais altos devido ao investimento em marketing e royalties”, explica Nadja Heiderich, professora de economia da FECAP, à AnaMaria.
IMPOSTOS E MAIS IMPOSTOS
Além dos custos de produção, os consumidores de Ovo de Páscoa precisam estar cientes que 40% do valor corresponde a impostos, segundo dados do Impostômetro. Ou seja, se um ovo de 500 g custa R$ 80, R$ 32 é apenas de impostos.
Por isso, o Ovo de Páscoa caseiro pode ser uma alternativa para os consumidores e uma oportunidade de renda extra para os microempreendedores. Ainda assim, fugir dos produtos industrializados não significa escapar dos altos impostos, já que há custos na produção de ovos simples.
De acordo com João Eloi Olenike, presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), são os impostos que atrapalham pessoas de rendas mais baixas a terem acesso aos itens mais consumidos nesta data.
“A carga tributária sobre os produtos consumidos na Páscoa não fosse tão alta, o consumidor teria mais condições de adquirir produtos de melhor qualidade durante esta época do ano”, diz.
BARRA E OVO DE PÁSCOA SÃO A MESMA COISA?
Um pensamento comum é: para que comprar 500 g de Ovo de Páscoa se dá para pagar mais barato em 500 g em barra de chocolate? Segundo a professora Nadja há alguns fatores que explicam.
“Os ovos de chocolate tendem a ser maiores e mais elaborados, muitas vezes incluindo brinquedos ou outros recheios, o que aumenta os custos de produção. As embalagens dos ovos geralmente são mais decorativas e personalizadas, o que também contribui para o aumento do preço. Os ovos de Páscoa são produtos sazonais, o que pode influenciar na fixação dos preços, enquanto os bombons e barras de chocolate são vendidos ao longo de todo o ano, o que pode permitir uma diluição dos custos de produção”, afirma.
DÁ PARA ESPERAR E COMPRAR SÓ NO DOMINGO?
Se você é do time que pretende esperar o domingo de Páscoa para esperar os preços baixarem, aí vai uma notícia: não conte com isso. A expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é que as vendas do comércio na Páscoa cresçam 4,5%, em 2024.
“Portanto, parece que não haverá uma queda nas vendas de ovos de Páscoa em 2024, apesar dos preços mais altos”, afirma a professora. Caso isso ocorra, é provável que os lojistas ajustem seus estoques seguindo a demanda esperada.
“Isso não necessariamente implica em promoções no domingo de Páscoa, pois a demanda pode permanecer alta o suficiente para que os lojistas não precisem liquidar seus estoques com descontos significativos”, explica Nadja.
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