Recentemente, a UNICEF ( (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgou um relatório com um dado alarmante: pela primeira vez na história, há mais crianças e adolescentes obesos do que abaixo do peso ideal (subnutridos).
O levantamento considerou dados de 190 países do mundo para a faixa etária entre os 5 e os 19 anos de vida. Hoje, a obesidade atinge 9,4% dessa população, enquanto o baixo peso está presente em 9,2% das crianças e adolescentes.
Muito além de estatísticas, a obesidade infantil (e em qualquer idade) está associada a riscos maiores de desenvolver doenças crônicas como diabetes tipo 2 e hipertensão, além de outras complicações potencialmente fatais, incluindo problemas cardiovasculares de diversos tipos de cânceres.
A obesidade na infância é um problema de saúde pública. Mas, como nutricionista especialista em fertilidade e gestantes, o que eu quero abordar agora é a relação da obesidade infantil com os hábitos maternos às vezes anos antes: na gestação.
Sim, embora seja comum associá-la apenas a fatores como alimentação e sedentarismo após o nascimento (o que também é real), as evidências mostram cada vez mais que esse risco pode começar muito antes, ainda no período intrauterino, que pode ser entendido como a primeira casa do bebê.
Como a gestação pode influenciar na saúde da criança?
A predisposição para o ganho excessivo de peso na infância pode ser uma consequência de acontecimentos no período fetal. Ou seja, se a mulher engravidou acima do peso saudável, engordou de forma excessiva durante a gravidez ou desenvolveu um quadro grave de diabetes gestacional, pode ser que a criança que está por vir também tenha sua saúde afetada, com riscos maiores de desenvolver a obesidade infantil, independentemente do peso ao nascer.
Os primeiros mil dias do bebê, que se iniciam ainda na gestação e se estendem até os dois anos de idade, é o período de grande desenvolvimento da criança. Tudo o que acontece neste período irá repercutir em sua vida adulta. Por isso, ter acompanhamento nutricional na gestação, praticar atividades físicas regulares, cuidar do estresse e ter sono de qualidade são pilares que vão muito além da estética: refletem no futuro do seu filho que ainda nem nasceu.
Da mesma forma, sabemos que é fato que a obesidade está em alta no começo da vida em função de uma presença cada vez maior de alimentos ultraprocessados. Cada vez mais baratos e acessíveis, e muitas vezes oferecidos em casa e até mesmo nas refeições escolares, eles têm substituído frutas, vegetais e fontes naturais de proteína desde a infância.
Manter hábitos saudáveis durante a gravidez não é apenas uma escolha voltada ao bem-estar imediato da mãe, mas uma intervenção capaz de moldar a saúde metabólica e o futuro da criança.
Como fazer meu filho comer melhor?
Seja o exemplo
Na gestação e ao longo da vida, seja você o exemplo para seu filho. Diversos estudos mostram que a alimentação da família tem papel importante na criação de bons hábitos. Isso porque é nesse ambiente que ela vai formar seu comportamento alimentar por meio da aprendizagem social, tendo os pais ou cuidadores no papel de primeiros educadores nutricionais. Quanto menos exposta a criança estiver aos alimentos industrializados, mais ela escolherá opções saudáveis entre as disponíveis.
Reduza os ultraprocessados em casa
Quanto menos exposta a criança estiver aos alimentos industrializados, mais ela escolherá opções saudáveis entre as disponíveis. Por outro lado, quanto maior o consumo de ultraprocessados, maior será o vício do paladar para esse estilo alimentar.
Traga as crianças para a cozinha
Leve o filho para comprar alimentos na feira e o inclua no preparo das refeições. Isso aumenta o interesse e o orgulho por experimentar o que ajudou a fazer.