A transição de uma amizade para uma parceria de negócios é um passo significativo e pode ser desafiador. Para entender melhor como fazer essa mudança de forma eficaz, AnaMaria conversou com Fabiana Ikawa e Débora Taira, sócias que conseguiram sucesso nessa transição e são um exemplo de quê um negócio com amigo dá certo. Veja as dicas delas para empreender sem perder a amizade!
A dupla — que está a frente da Matchá Minka, primeira casa especializada em sobremesas e bebidas à base do tradicional matcha japonês — compartilha suas experiências e dicas sobre como transformar uma amizade em uma parceria de negócios sólida e produtiva.
Mais que amigas: parceiras de negócios
Fabiana acredita que a evolução de uma amizade para uma parceria de negócios requer um alto nível de maturidade, respeito e, acima de tudo, confiança. Esses elementos são fundamentais para garantir que a sociedade seja produtiva e fluida. “Quando uma amizade está alinhada e os objetivos são bem estabelecidos, o negócio pode ter uma boa fluidez”, afirma ela.
E não para por ai: Débora reforça a importância de alinhar objetivos e valores para que um negócio com amigo dê certo. “Precisa existir muita confiança e maturidade, mas acredito que os objetivos e valores são pontos mais importantes a serem alinhados”, destaca.
Para isso, a sócia de Fabiana destaca o papel fundamental da comunicação dentro também da relação de amizade, a qual deve ser boa para que não haja conflitos desnecessários. Para ela, somente assim duas pessoas podem passar de grandes amigas a grandes sócias. Além disso, a maturidade é crucial na resolução de eventuais desacordos.
Outro ponto importante é a confiança, que deve ser mantida mesmo quando se trata de questões financeiras e decisões arriscadas. “A confiança precisa continuar a ser mútua e plena. Estamos empreendendo com um amigo, e não com um inimigo”, diz Fabiana, acrescentando que a lealdade e os objetivos semelhantes são aspectos positivos que se transferem da amizade para a relação profissional.
Nesse sentido, a máxima “amigos, amigos, negócios à parte” ainda se mantém. “Empreender com um amigo faz com que nossa confiança se estenda a questões como compromisso, integridade e resiliência. Precisamos estabelecer limites para separar esses campos, mas o suporte emocional e a compreensão mútua são grandes vantagens”, destaca Débora.
Divisão de tarefas, não de decisões
A complementaridade entre elas é uma extensão natural de suas forças e fraquezas individuais. Fabiana destaca que uma pode ser mais focada em operações e detalhes, enquanto a outra é mais estratégica e voltada para inovação. Para ela, essa complementaridade permite que o negócio seja mais equilibrado, abrangendo todas as áreas necessárias para o sucesso.
Débora enfatiza a importância de reconhecer habilidades específicas e visões diferentes para que o negócio com amigo flua bem. “Entender que cada uma tem habilidades e visões diferentes é fundamental para a fluidez do negócio. A harmonia do dia a dia no trabalho deve vir permeada pelo respeito e confiança que já vem desde a amizade”, destaca.
A divisão de responsabilidades entre as sócias é baseada nas habilidades e interesses de cada uma, mas o processo de tomada de decisões normalmente envolve discussões em conjunto, onde ambas analisam os prós e contras antes de chegar a um consenso.
No início, de acordo com Débora, as duas colocaram a mão na massa em todas as áreas, e a divisão de tarefas veio naturalmente com o tempo.
Amizade na vida, sócias nos negócios
A dupla possue um contrato formal que estabelece claramente os direitos e responsabilidades de cada uma enquanto sócias, além de um plano de saída. “Um contrato formal é essencial para garantir que a parceria de negócios seja sólida e clara. O plano de saída define como a parte do sócio que sai será avaliada e comprada pelos demais”, explica Fabiana.
Alinhadas, Débora também reforça a importância de formalizar o acordo para que o negócio com amigo esteja seguro. “Temos um contrato social e contamos com uma empresa que nos auxilia em todas as questões burocráticas. O processo de saída segue as regras contratuais usuais, preservando sempre o respeito e a amizade”, detalha ela.
Afinal, abrir um negócio com amigo dá certo? Veja as dicas!
Iniciar um empreendimento com um amigo pode ser uma experiência tanto gratificante quanto desafiadora. A amizade e a parceria podem trazer vantagens únicas para o negócio, mas também exigem um equilíbrio delicado entre o profissional e o pessoal.
Para garantir que a relação entre sócios permaneça saudável e que o negócio prospere, é essencial adotar algumas práticas estratégicas. Aqui estão algumas dicas da Fabiana e da Débora para ajudar a manter a harmonia na amizade e o sucesso na parceria, facilitando que o negócio com amigo dê certo. Confira a seguir:
Estabeleçam limites
É muito importante saber quando algo está saindo do campo profissional e afetando a amizade dos sócios. Saber fazer essa mediação por meio de limites impostos é o que trará o equilíbrio ideal para a relação e a empresa.
Teste a parceria
Antes de se jogarem de cabeça em um grande negócios, é interessante trabalharem em algum projeto menor para terem certeza de que as ideias batem. Dessa forma, caso não funcionem bem juntos, terão um desgaste muito menor. No contrário, será uma grande parceria!
Estejam abertos a opiniões diferentes
Duas cabeças pensam melhor do que uma, mas nem sempre pensam igual. É necessário estar aberto, saber negociar e encontrar um meio-termo para que as ideias estejam alinhadas.
Tenham objetivos e expectativas alinhadas
Parte do diálogo inclui conversar sobre valores e visão para o negócio. Estar na mesma página que o seu amigo/sócio é o que fará com que a harmonia entre vocês fique estável, principalmente quando se trata de crescimento, investimento e gestão.
Estejam prontos para o fim
No início da parceria é importante que ambas as partes saibam lidar com o fim da sociedade, caso o negócio não funcione ou algum dos sócios pense em seguir por um caminho diferente. Lembrem-se de documentar decisões e formalizar a parceria, para que a amizade possa continuar para além do empreendimento.
Leia também:
O que é instagramável? Empreendedora aposta em experiência para clientes
Síndrome da impostora: o que é e por que é tão comum em mulheres?
Sucessão familiar: conheça a história de quem empreende em família
