O ator perdeu o contrato fixo com a Globo em 2023. - Foto: TV Globo
Checamos se é verdade!

Thiago Fragoso diz que "não pode mais ter homem hétero e branco" em novelas; análise faz sentido?

O protesto de Thiago Fragoso sobre um possível privilégio para alguns profissionais viralizou nas redes sociais — mas como é na prática?

Guilherme Giagio Publicado em 05/09/2024, às 19h00

Thiago Fragoso está longe das novelas desde 2022, quando foi escalado para 'Travessia'. Além disso, perdeu o contrato da Globo no ano seguinte. De acordo com o ator, um fator é determinante para o período afastado: o fato de ser homem, branco e hétero.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, ele avaliou o mercado audivisual — que, para ele, está vivendo um período "parado e esquisito". Na análise, o intérprete de Caíque na novela escrita por Gloria Perez afirmou  que tem apenas uma chance por obra.

"Em cada novela ou série, eu tenho a chance de fazer um personagem", disse Thiago Fragoso, que ainda detalhou os possíveis concorrentes para o papel: "Ou sou eu, ou o Jonas Bloch, ou o Herson Capri, ou o namorado da Larissa Manoela, que também é loiro de olhos azuis".

Foi quando o ator, de 42 anos, declarou: "Entrou um não pode mais ter homem hétero, branco. Estamos vendo esse questionamento pela mudança do status quo". Atualmente, o ator está em cartaz com a peça 'Dois de Nós', ao lado de Antonio Fagundes e Christiane Torloni.

Será que é isso mesmo?

A entrevista de Fragoso, claro, deu o que falar e dividiu opiniões. Mas, afinal, será que a declaração faz sentido na prática? AnaMaria checou o fator racial. Inicialmente, já vale destacar que a baixa escalação desses atores na dramaturgia ainda não faz jus à população do Brasil.

Com maioria do elenco principal negro, 'Fuzuê' é uma das poucas exceções. Foto: TV Globo

 

Segundo o Censo de 2022, os negros representam 55,5% do país. Ou seja: são maioria. E basta uma rápida olhada nas principais tramas dos últimos anos para observar que isso está longe de ser um padrão na telinha.

As duas exceções são Fuzuê (2023), que tinha 19 atores negros entre os 39 totais, e 'Amor Perfeito', que tem metade do elenco preto. De resto, a participação negra ainda é pequena, principalmente quando comparada à população.

Isso é evidenciado por números, pesquisas e outros fatos:

Repercussão na internet

Enquanto alguns internautas concordaram com a opinião, outros foram mais críticos. É o caso de Pedro Certezas, personalidade conhecida na internet, que fez piada da declaração. O humorista relembrou que, durante boa parte da história, negros não tiveram espaço na dramaturgia.

Quando eram escalados, ficavam restritos aos personagens sem destaque, estereotipados ou marginalizados, como criminosos, seguranças e funcionárias domésticas. "Preto é só Lázaro Ramos, Serjão Loroza vez ou outra para fazer um alívio cômico. É uma Taís Araújo, sendo pobre", continuou Certezas. 

 

Mais polêmicas

A entrevista de Thiago Fragoso contou ainda com outras polêmicas. Em 2024, ele protagonizou, junto com Mateus Solano, o primeiro beijo gay da TV brasileira. No entanto, acredita que, por ambos serem héteros, não teriam a mesma chance atualmente.

A cena foi ao ar na novela 'Amor à Vida', entre Félix e Niko. "Foi importante para a história da dramaturgia brasileira e para a comunidade LGBT+", confessou.

Fragoso também falou abertamente sobre o impacto do mundo digital nas chances de um trabalho. Em sua visão, anteriormente, atores menos visados em suas vidas pessoais eram privilegiados. Porém, ele acredita que esse jogo tenha virado.

Sem citar nomes, ele afirmou "que tem gente escalando pela internet, de acordo com o número de seguidores". Até por isso, Thiago passou a alimentar suas redes sociais. Vale lembrar que, nos últimos anos, as influenciadoras Jade Picon e Rafa Kalimann foram escaladas para papéis de destaque.

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