Especialista aponta estratégias para promover a autonomia e autoconfiança em sua adolescente; saiba como criar uma mulher forte
Marina Borges Publicado em 10/05/2024, às 17h00
No turbilhão de emoções e desafios que caracterizam a adolescência, desenvolver inteligência emocional é uma habilidade crucial para as jovens enfrentarem as incertezas da vida e se tornarem mulheres fortes e resilientes. Para ajudar suas filhas adolescentes nesse sentido, os pais desempenham um papel fundamental.
Às vésperas do Dia das Mães, AnaMaria conversou com a psicóloga Juliana Russano, especialista em diagnóstico infantojuvenil, para abordar estratégias práticas para auxiliar os genitores nesse processo. A seguir, confira algumas dicas e orientações valiosas para criar um ambiente familiar que nutra o crescimento emocional e o empoderamento das jovens mulheres.
Na missão de auxiliar as filhas adolescentes a desenvolverem inteligência emocional e fortalecer sua resiliência, os pais são pilares essenciais. Nesse processo, Juliana destaca a importância da escuta ativa, incentivando os genitores a acolherem as emoções de suas filhas sem julgamentos.
“É muito importante que os pais desenvolvam a escuta ativa, isto é, não julgar ou criticar quando a criança ou a adolescente trazem questões que as incomodam ou as deixam ansiosas, e saber acolher essas emoções. Depois que elas dizem o que está acontecendo e como se sentem, podemos encontrar, junto delas, estratégias de enfrentamento dessas questões, motivando a confiança no ambiente familiar”, aponta a psicóloga.
Além disso, valorizar os pontos fortes das filhas é essencial. Russano enfatiza a importância de reconhecer não apenas os erros, mas também os acertos. Ao equilibrar o feedback positivo e construtivo, os pais contribuem para aumentar a autoestima de suas filhas e incentivam seu crescimento pessoal.
"É muito comum chamarmos a atenção das pessoas quando fazem algo errado, mas quando algo é feito da maneira correta, esquecemos de elogiar. Esse equilíbrio vai aumentar a autoestima, porque nossas filhas vão entender que precisam melhorar em alguns pontos, mas que também possuem pontos fortes que as valorizam”, destaca a especialista.
Essas práticas simples podem ser incorporadas ao dia a dia familiar, promovendo o desenvolvimento emocional e fortalecendo o vínculo entre pais e filhas.
Para promover a autonomia e autoconfiança das crianças e das adolescentes, os pais podem incentivar a realização de atividades por conta própria, conforme a maturidade e desenvolvimento de cada uma. Essa prática não apenas fortalece a autoconfiança, mas também estimula a autonomia, preparando-as para enfrentar desafios mais complexos.
“Quando uma criança ou adolescente já consegue fazer alguma atividade, ela precisa começar a fazer sozinha, sem a ajuda dos pais. Isso gera autoconfiança e autonomia para começar a fazer coisas mais difíceis. A tendência, nos dias de hoje, é tentar poupar as filhas de sofrimentos e dificuldades, principalmente quando a família tem apenas uma filha; mas deixar a filha 'se virar sozinha' em situações que ela já consegue é muito importante para o desenvolvimento da sua autorreferência”, explica Juliana.
É essencial também estar atento à construção do autoconceito da adolescente. "Isto é, como ela se vê e como se sente consigo mesma; mas não apenas na sua aparência, também no seu caráter, valores, estilo, qualidades e competências. Todos esses atributos fazem parte de quem ela é. Essa consciência vai evitar que ela se compare com outras pessoas e vai fortalecer a sua individualidade”, acrescenta a psicóloga.
Ao valorizar a diversidade de qualidades de suas filhas, os pais contribuem para o fortalecimento de sua identidade individual, prevenindo comparações prejudiciais e promovendo uma autoimagem positiva e segura. Essas ações ajudam a cultivar uma identidade forte e confiante, preparando as meninas para enfrentar os desafios da vida com segurança e determinação.
Para criar uma mulher forte, Juliana ressalta que é fundamental evitar cobranças e críticas excessivas, comuns durante a adolescência. Muitas vezes, os pais estabelecem expectativas elevadas para suas filhas, como excelência acadêmica, habilidades sociais e talentos em diversas áreas. No entanto, é essencial reconhecer e incentivar o autoconhecimento da adolescente, valorizando suas habilidades e compreendendo suas dificuldades.
"Os pais criam muitas expectativas em suas filhas, em serem ótimas alunas, sociáveis, queridas por todos, talentosas no esporte ou na música, mas nem sempre isso acontece. A geração dos pais se preocupa muito com resultados e pouco com questões emocionais, mas quando as questões emocionais não estão bem, com certeza a criança e/ou a adolescente vai desenvolver prejuízos nos resultados. É necessário conhecer sua filha e incentivar o seu autoconhecimento, isto é, saber o que ela consegue fazer bem e quais situações tem dificuldade, e ajudá-la nesse processo", aponta a psicóloga.
Além disso, a dificuldade de socialização na escola pode ser uma questão relevante. Estratégias de controle de pensamentos e maneiras de enfrentar situações de exclusão podem ser discutidas, proporcionando à adolescente ferramentas para lidar com esses desafios.
"No meu livro 'Nem pense nisso!', abordo essa questão através dos quadrinhos, onde uma das personagens é excluída por um grupo social na escola e acredita que, por esse motivo, ninguém se importa com ela. Essa foi uma forma de criar identificação na adolescente que está passando por essa situação e encontrar maneiras de enfrentá-la, através de estratégias de controle de pensamentos que geram ansiedade", conta Juliana.
A seguir, reunimos em tópicos algumas dicas para criar uma mulher forte, confira:
Essas abordagens auxiliam no fortalecimento a autoestima de suas filhas e no desenvolvimento de uma mulher forte e resiliente.
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