OMS aponta que 24% das jovens até 20 anos sofrerão violência em relacionamentos - Freepik
Dados da OMS

24% das jovens sofrerão violência em relacionamentos; saiba impactos e sinais de abuso

Marina Borges Publicado em 07/08/2024, às 19h00

De acordo com um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), 24% das jovens e adolescentes, com até 20 anos, sofrerão algum tipo de violência em relacionamentos amorosos. Esse dado alarmante revela a necessidade urgente de aumentar a conscientização sobre os sinais de relacionamentos abusivos e os impactos severos que essas experiências podem ter na saúde mental das vítimas.

A violência em relacionamentos amorosos pode se manifestar de várias formas, incluindo abuso físico, emocional e psicológico. As consequências para a saúde mental são profundas e podem incluir depressão, ansiedade, baixa autoestima e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Além disso, jovens em relacionamentos abusivos frequentemente enfrentam dificuldades acadêmicas, isolamento social e um risco aumentado de comportamentos autodestrutivos.

Para saber como identificar um relacionamento abusivo e, posteriormente, intervir nesses casos, bem como entender os impactos dessa violência na saúde mental das jovens afetadas, AnaMaria conversou com o psiquiatra e psicoterapeuta Wimer Bottura, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria e presidente do comitê de adolescência da Associação Paulista de Medicina. 

Como identificar que uma jovem está em um relacionamento abusivo ou agressivo?

Reconhecer os sinais de um relacionamento abusivo ou agressivo é crucial para a intervenção e apoio. Existem diversos indicadores emocionais e comportamentais que podem sinalizar que uma jovem ou adolescente está passando por essa situação. Wimer destaca alguns deles: 

"Isolamento, crises de choro sem motivo aparente, ideias e tentativas de autoeliminação, insônia e crises de ansiedade. Também pode levar a afastamento dos amigos e da família, falta de ar, dor na alma, e dores físicas difíceis de encontrar as causas. Também pode causar ansiedade, uso de roupas super discretas a mando do parceiro, perda de espontaneidade, excesso de cuidado com o que fala, principalmente ao lado do abusador".

O isolamento pode ser um sinal de que a jovem está experimentando violência em relacionamentos - Foto: Freepik/katemangostar

 

Confira a seguir os sinais de violência em relacionamentos de forma mais detalhada:

Sinais emocionais

Sinais comportamentais

Reconhecer esses sinais é o primeiro passo para oferecer ajuda e suporte necessários. É importante que amigos, familiares e educadores estejam atentos e preparados para intervir de maneira sensível e eficaz.

Conheça seus direitos: como fugir de um relacionamento abusivo

Impactos da violência em relacionamentos amorosos na saúde mental das jovens

A violência em relacionamentos impacta a saúde mental das envolvidas - Foto: Freepik

 

A exposição à violência em relacionamentos amorosos pode ter um impacto profundo e duradouro na saúde mental de jovens e adolescentes. As consequências podem variar de problemas emocionais e psicológicos a transtornos físicos de origem emocional. Aqui estão algumas maneiras pelas quais essa exposição pode afetar a saúde mental a curto e longo prazo:

A curto prazo:

A longo prazo:

Como mostrado acima, a violência em relacionamentos amorosos pode causar danos significativos e duradouros na saúde mental de jovens e adolescentes. Por isso, é crucial identificar e intervir precocemente em casos de violência para minimizar esses impactos e oferecer suporte adequado às vítimas.

Relacionamento abusivo: por que tanta gente permanece nele?

Como intervir nos casos de violência em relacionamentos amorosos?

A família deve acolher a vítima de violência em relacionamentos - Foto: Freepik

 

Para intervir em situações de violência em relacionamentos, Wimer Bottura explica que a primeira linha de defesa geralmente é a família. "É essencial que os familiares identifiquem sinais de sofrimento na jovem e abram um diálogo sincero sobre a situação. É importante também tomar cuidado com a falsa bondade do abusador, que frequentemente tenta conquistar a família com simpatia no início do relacionamento. Muitas vezes, a vítima tende a esconder os abusos e até rejeitar a interferência dos pais, por isso é necessário muito tato para abordar o assunto de maneira eficaz", destaca o médico.

Além disso, identificar as fragilidades e o caráter indefeso da vítima é um passo importante para, posteriormente, encaminhá-la para uma terapia. "Muitas pessoas repetem relacionamentos abusivos devido à ingenuidade ou insegurança sobre sua capacidade de ser amadas. A terapia pode ajudar a resgatar a autoestima e a autoconfiança, proporcionando ferramentas para a vítima lidar com a situação de maneira mais assertiva", aponta Bottura.

O apoio dos amigos também é fundamental, pois eles podem oferecer um espaço seguro para a vítima expressar suas preocupações e sentimentos, além de ajudarem a identificar comportamentos abusivos que a própria vítima pode não reconhecer. Os amigos também podem incentivar a busca por ajuda profissional e oferecer suporte emocional contínuo.

Psicólogos e outros profissionais de saúde mental desempenham um papel vital no tratamento dos impactos psicológicos da violência em relacionamentos. Eles podem fornecer um espaço seguro para a vítima explorar seus sentimentos e experiências, desenvolver estratégias para lidar com a situação e trabalhar na reconstrução da autoestima e da autoconfiança. Psicólogos também podem ajudar a vítima a entender os padrões de abuso e a planejar passos para sair do relacionamento de forma segura.

Para jovens adolescentes, que geralmente não têm filhos e não dependem financeiramente do abusador, é particularmente importante intervir cedo e de forma eficaz para prevenir consequências mais graves a longo prazo.

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Relacionamento abusivo: como sair de forma segura

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