Coqueluche tem aumento de casos no Brasil - Freepik/stockking
Entenda

Surto de coqueluche: sintomas, prevenção e por que os casos estão aumentando em 2024

Essa tendência global de aumento nos diagnósticos alerta sobre a importância da vacinação e dos cuidados preventivos relacionados ao coqueluche

Marina Borges Publicado em 14/11/2024, às 18h40

A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma infecção respiratória grave causada pela bactéria Bordetella pertussis, transmitida por gotículas liberadas durante a tosse, espirros ou fala. Recentemente, a doença voltou a ser destaque no Brasil: segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, casos de coqueluche na capital paulista chegaram a 495 no início deste mês, uma alta alarmante em comparação com os últimos anos. A situação acompanha uma tendência global de aumento nos diagnósticos, acendendo um alerta sobre a importância da vacinação e dos cuidados preventivos.

As autoridades de saúde atribuem esse aumento a fatores como o impacto pós-pandemia e a baixa cobertura vacinal, que deixou muitas crianças e adultos desprotegidos. No Brasil, o aumento é significativo, com 2.953 registros até agora neste ano, um número que se aproxima dos níveis observados em surtos anteriores, como em 2014 e 2015. A situação preocupa especialmente os pais de bebês, que são os mais vulneráveis aos desfechos graves da doença.

O que é a coqueluche e como ocorre a transmissão?

A coqueluche é uma infecção bacteriana que afeta o sistema respiratório e se caracteriza por uma tosse persistente, que pode durar semanas ou até meses. Além disso, ela pode evoluir para sintomas mais graves, principalmente em crianças pequenas, como dificuldade respiratória e complicações pulmonares. A transmissão ocorre facilmente de pessoa para pessoa, tornando o controle da doença um desafio em comunidades onde a cobertura vacinal é baixa.

O impacto da pandemia de Covid-19 foi um dos fatores que contribuíram para a alta recente nos casos de coqueluche. O isolamento social interrompeu temporariamente a circulação de muitos patógenos, incluindo a bactéria da coqueluche. No entanto, com a retomada das atividades e a queda na cobertura vacinal durante esse período, o número de pessoas suscetíveis aumentou. Assim, após um período de baixos números, a doença voltou a surgir em surtos no Brasil e em outras partes do mundo.

Sintomas da coqueluche

Os sintomas da coqueluche geralmente começam de forma semelhante a um resfriado comum, com coriza, febre baixa e tosse leve. No entanto, após alguns dias, a tosse torna-se muito mais intensa, podendo provocar falta de ar e até mesmo vômitos após os episódios de tosse. Essa fase é chamada de paroxismo e pode durar várias semanas. Os principais sintomas incluem:

A febre é um dos sintomas da coqueluche - Foto: Freepik/prostooleh

 

Para adultos e adolescentes, a coqueluche pode ser menos intensa, mas ainda assim capaz de transmitir a doença para crianças pequenas, que estão mais sujeitas a complicações graves. Em bebês com menos de seis meses, a coqueluche pode ser fatal se não tratada de forma adequada, reforçando a importância da vacinação e dos cuidados preventivos.

Tratamento e prevenção

A vacinação é a principal forma de prevenção contra a coqueluche. No Brasil, a imunização faz parte do calendário vacinal infantil e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina pentavalente, aplicada aos dois, quatro e seis meses de vida, protege contra coqueluche, difteria, tétano, hepatite B e infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo B.

Além disso, é recomendado um reforço com a vacina tríplice bacteriana infantil (DTP) aos 15 meses e outro aos quatro anos de idade. Gestantes também devem ser imunizadas com a vacina tríplice acelular do tipo adulto (DTpa) após a 20ª semana de gestação, uma estratégia que ajuda a proteger o bebê durante os primeiros meses de vida.

Quando a doença é diagnosticada, o tratamento inclui o uso de antibióticos para reduzir a transmissão e aliviar os sintomas. É fundamental que o diagnóstico seja feito precocemente, pois a fase inicial da coqueluche é mais tratável e evita complicações maiores. Nos casos mais graves, especialmente em crianças pequenas, pode ser necessário hospitalização para monitoramento e cuidados respiratórios.

Por que os casos de coqueluche aumentaram em 2024?

Diminuição da cobertura vacinal contribuiu para o aumento de casos de coqueluche - Foto: Freepik

 

O retorno da coqueluche em 2024 está ligado a uma combinação de fatores, incluindo o ciclo epidêmico da doença, que geralmente se manifesta em surtos a cada cinco a oito anos. Com a pandemia de Covid-19, houve um atraso nesse ciclo, pois o último grande surto de coqueluche no Brasil foi em 2014. Além disso, o distanciamento social interrompeu a circulação de várias doenças respiratórias, deixando a população temporariamente mais protegida.

Outro fator importante é a diminuição da cobertura vacinal nos últimos anos. Em 2015, a cobertura para a vacina pentavalente no Brasil alcançou 96,9%, mas esse índice caiu para 70,9% em 2019 e está em 87,5% até agora em 2024. A OMS também reportou queda na vacinação infantil global durante a pandemia, e embora alguns países estejam conseguindo recuperar esses índices, a proteção ainda está abaixo do ideal para prevenir surtos de coqueluche.

Especialistas alertam que é essencial investir em campanhas de conscientização para aumentar a cobertura vacinal e proteger as crianças mais vulneráveis. Manter as vacinas em dia é a melhor forma de evitar surtos e reduzir o risco de complicações graves.

Conclusão

A alta nos casos de coqueluche reforça a necessidade de atenção com a vacinação e os cuidados preventivos. A doença, embora controlável, pode trazer sérias consequências, especialmente para bebês e pessoas que não estão vacinadas. O ciclo epidêmico natural da coqueluche, aliado ao impacto da pandemia na cobertura vacinal, contribuiu para o aumento de casos, tornando a imunização mais importante do que nunca.

Além de proteger contra a doença, vacinar-se também ajuda a evitar a transmissão, criando uma rede de proteção para toda a comunidade. Manter-se informado sobre a coqueluche, saber identificar os sintomas e procurar tratamento rapidamente são atitudes essenciais para reduzir os impactos desse novo surto.

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