O vírus pode ficar silencioso durante anos antes de se manifestar - Banco de Imagem/iStock
Atenção!

Especialista explica como o HPV pode aumentar os riscos de ter câncer

Você sabia que o HPV pode ocasionar diferentes tipos de câncer? Entenda

Ana Bardella Publicado em 27/07/2019, às 17h00 - Atualizado em 18/08/2019, às 10h56

O vírus do papiloma humano é o único que pode comprometer a garganta, o colo de útero e o ânus. A atriz norte-americana Marcia Cross, que enfrentou o último tipo da doença, chamou atenção para o assunto recentemente. Conheça os passos para fazer a prevenção.

Marcia Cross, de 57 anos, ficou conhecida na televisão pela personagem Bree, da série norte-americana Desperate Housewives – mas não só por isso. 

Fora dela, a atriz enfrentou, com muita coragem, um câncer anal. Apesar de confessar que, no início, sentiu vergonha de falar sobre o tema, mais tarde se tornou símbolo da luta pela conscientização da doença. 

Em entrevista a um programa matinal estadunidense, desabafou: “Você tem câncer e ainda tem que sentir vergonha? Como se tivesse feito algo errado porque o câncer é no ânus? Você já tem que lidar com coisas demais”. 

Hoje, após se submeter ao tratamento, ela se encontra na fase de remissão da doença. No entanto, sua família foi fortemente impactada pelo câncer. Isso porque, em 2010, o esposo de Marcia foi vítima de um tumor maligno na garganta e não resistiu. 

Somente anos depois, a intérprete entendeu a ligação entre os casos: tanto ela quanto o marido desenvolveram a doença em decorrência de um vírus sexualmente transmissível: o HPV. 

Conversamos com o oncologista Roberto Gil, do Grupo Oncoclínicas, para entender a relação entre as doenças – e como é possível se prevenir.

DIFERENTES EVOLUÇÕES
“O HPV é um vírus sexualmente transmissível. Mas, ao contrário do HIV [vírus causador da AIDS], que só sobrevive no sangue ou no sêmen, ele é mais resistente e pode se manter vivo nas mãos e nos objetos. Por isso sua contaminação é mais fácil”, explica o médico. 

Estudos mostram que a maior parte da população já foi, em algum momento da vida, infectada por ele, que pode ter diferentes efeitos sobre o corpo. Em alguns casos, não há qualquer sintoma. 

Em outros, ocorre o aparecimento de verrugas e lesões, principalmente nas genitálias, próximo ao ânus, na boca, garganta ou, para as mulheres, no colo do útero. 

Em uma parcela da população, essas lesões podem evoluir para um câncer. Por que tantas possibilidades? Devido aos diferentes tipos de HPV. 

“Os vírus têm uma capacidade grande de transformação. Sabemos que alguns deles, conhecidos como 16 e 18, oferecem maior risco de evolução para o câncer”, esclarece o médico.

PREVENÇÃO
Vacina
Esta é a principal forma de manter a doença afastada. Ela está disponível gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.

No entanto, a recusa de muitos pais em aplicarem a imunização nas crianças tem chamado a atenção dos médicos. Na opinião do especialista, uma parcela dos responsáveis acredita que a aplicação da vacina estaria antecipando o início da vida sexual dos filhos. Um mito!

“É preciso fazer a imunização ainda na infância, pois quanto mais o tempo passa, maiores os riscos de entrar em contato com o vírus”, diz.

Adultos também podem fazer a imunização, mas só em clínicas particulares. “Nesta fase, o mais importante é fazer o monitoramento do corpo por meio dos exames preventivos, para saber se existem lesões que exigem atenção”, recomenda. 
 
Afinal, o vírus pode ficar silencioso durante anos antes de se manifestar.

Exames
Para as mulheres, os principais são ginecológicos, tais como o papanicolau e a colposcopia. 

“Já quem tem prática de sexo anal deve se consultar regularmente com um proctologista, uma vez que muitas das lesões no ânus podem ser identificadas por meio de um exame de toque – algo que muita gente evita por preconceito, mas salvaria muitas vidas”, aponta o médico. 

Já para o câncer de orofaringe (garganta) não existe um exame preventivo específico. No entanto, profissionais de saúde, como dentistas e otorrinolaringologistas, devem olhar com atenção para a cavidade oral durante as consultas, alertando o paciente sobre possíveis lesões. 

“Se a própria pessoa notar a existência de uma ferida que não cicatriza, por exemplo, deve procurar um médico”, indica.

Proteção
O uso do preservativo durante as relações sexuais, inclusive no sexo oral, também não deve ser negligenciado. Apesar de não ser cem por cento eficaz para evitar o contágio do HPV, uma vez que o vírus é resistente e pode sobreviver nas mãos, seu uso diminui os riscos de contaminação.

Além disso, trata-se de um método contraceptivo seguro e também previne contra outras doenças sexualmente transmissíveis, como HIV, herpes genital, sífilis e gonorreia.

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