A pré-eclâmpsia é uma complicação da gravidez que pode causar pressão alta e danos em órgãos como rins e fígado, colocando em risco tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. Apesar de suas causas envolverem múltiplos fatores, genéticos, imunológicos e ambientais, a alimentação tem papel essencial na prevenção da doença.
Como nutricionista especialista em gestantes, vejo diariamente como ajustes simples na dieta podem fazer diferença significativa na saúde materna e no desenvolvimento do bebê. A seguir, explico como montar uma rotina alimentar que ajuda a reduzir o risco de pré-eclâmpsia e contribui para uma gestação mais tranquila e segura.
Como prevenir a pré-eclâmpsia com ajuda da alimentação
Priorize o consumo de cálcio
O cálcio é um nutriente essencial para o equilíbrio da pressão arterial e a contração muscular. Estudos mostram que o consumo adequado desse mineral pode reduzir o risco de desenvolver pré-eclâmpsia.
Por isso, inclua diariamente fontes de cálcio, como leite, iogurte, queijos brancos e vegetais verde-escuros, como couve e brócolis. Para gestantes com intolerância à lactose, opções vegetais fortificadas, como bebidas de amêndoas ou aveia, podem ser boas alternativas.
Invista em ácido fólico e grãos integrais
O ácido fólico, famoso pela sua importância na prevenção de malformações fetais, também atua na proteção dos vasos sanguíneos da mãe. Verduras, legumes, leguminosas (como feijão e lentilha) e grãos integrais devem estar presentes nas principais refeições.
O consumo regular desses alimentos contribui para o bom funcionamento cardiovascular e reduz inflamações que podem favorecer o surgimento da pré-eclâmpsia.
Dê atenção ao potássio
O potássio ajuda a equilibrar os níveis de sódio no organismo, auxiliando no controle da pressão arterial — um dos principais fatores de risco da pré-eclâmpsia.
Boas fontes incluem banana, abacate, melão, laranja, batata e folhas verdes.
Adote o estilo mediterrâneo de comer
Entre os padrões alimentares estudados, a dieta mediterrânea tem se mostrado uma das mais eficazes na prevenção da pré-eclâmpsia. Rica em vegetais, frutas, azeite de oliva, grãos integrais, castanhas e peixes, ela favorece o equilíbrio metabólico e reduz processos inflamatórios.
Dá para adaptar para o Brasil? Sim! O segredo é priorizar alimentos naturais e minimizar o consumo de ultraprocessados, que aumentam a retenção de sódio e prejudicam o controle da pressão.
Hidrate-se bem
A hidratação adequada é indispensável. A falta de líquidos pode afetar a circulação e dificultar o bom funcionamento dos rins. A recomendação geral é beber entre 2 e 3 litros de água por dia, ajustando conforme as necessidades individuais e a orientação médica.
Cardápio de um dia para prevenir a pré-eclâmpsia
Café da manhã:
Iogurte natural proteico com aveia, banana e uma colher de sementes de chia.
Lanche da manhã:
Uma fatia de queijo branco com uma fruta cítrica (laranja ou kiwi).
Almoço:
Arroz integral, feijão, filé de peixe grelhado, couve refogada no azeite com rodelas de laranja e salada de tomate e abacate.
Lanche da tarde:
Castanhas e uma fatia de pão de fermentação natural com pasta de grão-de-bico.
Jantar:
Sopa de legumes com frango desfiado
Ceia:
Leite morno ou bebida vegetal fortificada com cálcio e um punhado de frutas vermelhas.
A alimentação tem o poder de atuar preventivamente em condições graves da gestação, como a pré-eclâmpsia. Uma dieta equilibrada, aliada ao acompanhamento nutricional especializado, contribui não apenas para o bem-estar da mãe, mas também para um desenvolvimento mais saudável do bebê.