Trabalhar em família pode ser um desafio, não é mesmo? No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas têm perfil familiar. Mas, de acordo com o Banco Mundial, apenas 15% desses negócios chegam à 3ª geração. Então, como empreender em família de uma maneira saudável para a relação e para os negócios? AnaMaria te conta e explica a sucessão familiar, confira!
As empresas familiares são responsáveis pela geração de emprego de mais de 75% da mão de obra no País. Já a sucessão familiar é justamente o processo de transferência do controle da empresa ou de uma posição-chave do negócio para o herdeiro, isto é, o membro da família.
Para Carol Zein, sócia da Mami&Co, esse processo aconteceu quando seu pai foi diagnosticado com câncer. Ela assumiu os negócios da família devido a questões emocionais e profissionais. “No início, eu não queria trabalhar com a empresa. Principalmente por receio de trabalhar em família, eu costumava ver muito a empresa entrando na minha casa, mesmo que tenham sido sempre muito tranquilo”, declara.
Na parte profissional, ela via a necessidade de trilhar seu próprio caminho, descobrir o que gostaria de fazer por si mesma, e nunca houve pressão dos pais para que seguisse na empresa da família, por mais que os familiares sempre perguntassem.
Sucessão familiar: assumindo os negócios da família
Tudo mudou quando seu pai foi diagnosticado com câncer em 2016. “Por parte dos meus pais nunca houve pressão para que eu assumisse a Mami&CO, mas com meu pai doente eu acabei parando para pensar novamente sobre o assunto, e coincidiu de ser uma época em que minha carreira estava um pouco instável e estava um pouco cansada”, afirma.
Mas nem tudo foi fácil. Carol sabia que tinha um pensamento muito diferente do pai, e, por isso, refletiu muito em como poderia acabar tendo mais conflitos com ele caso trabalhassem juntos, o que tornou a decisão difícil para ela.
Tudo mudou após uma conversa franca. “Eu sentei para conversar com ele, quando falei que eu estava disposta, eu acho que eu estava pronta para assumir a Mami&CO, ele ficou muito feliz, e nesse momento eu tive certeza da minha decisão. Olhando para trás eu consigo ver que é o lugar onde eu mais aprendi, minha carreira decolou e eu aprendi a me apaixonar pelos negócios”, declara.
Diante de tudo isso, a hoje CEO aprendeu que não existe um momento certo ou uma receita de bolo para os negócios. “O momento certo sempre será aquele que estrategicamente trará resultados, e o mais importante de todos, quando você sente no coração que foi a melhor decisão tomada e que você vai dar o seu melhor todos os dias para fazer acontecer”, afirma.
Separando a vida pessoal da profissional
Para Carol, as diferenças sempre vão existir e a melhor saída quando se trabalha com a família é lidar com isso como algo positivo, onde um complementa o outro, evitando, assim, criar discussão.
As diferenças etárias também refletem nesse sentido. “Como eu sou mais nova que minha mãe, eu geralmente quero arriscar mais, sou mais “ousada” nas inovações e metas. Ela, por conta da experiência, é mais pé no chão, mais conservadora! Então ao invés de brigarmos por isso, tentamos alcançar o equilíbrio e uma complementar a outra para evitar brigas. Isso dentro e fora de casa. Diálogo é sempre a chave de tudo!”, diz.
A empresária ainda relembra que nem tudo é um mar de rosas. “Como eu mencionei, eu e meu pai, tínhamos muito conflito sobre como a gente queria seguir a empresa. E muitos desses conflitos eram por sermos iguais, então combinamos de não passar o trabalho para dentro de casa”, relembra ela.
Um outro fator que ajudou bastante, segundo Carol, foi sair da casa dos pais. Quando ela entrou para a empresa já morava com o marido, então não tinha a parte de ir para casa e falar sobre trabalho. E quando estão em horário de almoço ou se encontram, não entram esse tópico. Algo que ajudou no processo de sucessão familiar.
Por isso, eles evitam ao máximo trazer assuntos de trabalho para as suas casas. “Além disso, temos hobbys diferentes e o momento individual é fundamental mesmo que dentro da mesma casa. Assistir um filme sozinha, ler um livro e outras atividades particulares é importantíssimo”, analisa.
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Do início a sucessão familiar: como começar um negócio em família?
Para você que pensa em empreender com a família, há uma série de vantagens e desvantagens. Como ponto positivo Carol destaca a confiança nas tomadas de decisões. “Conhecer a fundo quem são as pessoas que lideram e tomam as principais decisões, ajuda muito no dia a dia”, afirma.
Já como principal desafio a CEO identifica a dificuldade que é separar a vida pessoal da profissional, pois as conversas de trabalha acabam muitas vezes ultrapassando o local de negócios. Por isso, ela dá 5 dicas para quem quer começar a empreender em família e prosperar para chegar a sucessão familiar, veja a seguir:
- Separe bem o que cada um irá fazer dentro da empresa e defina as responsabilidades de cada um;
- Estabeleça regras a serem cumpridas como qualquer funcionário. Por exemplo, ter salário fixo, horários de entrada e saída;
- Jamais misture despesas pessoais com as da empresa;
- Sempre mantenha diálogo e seja sincero caso tenha algo que não está te agradando;
- Faça um planejamento, defina metas e principalmente organize-se financeiramente.
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