As especiarias são parte da culinária há milênios e estão presentes em refeições ao redor do mundo, seja no arroz com açafrão, no chá de gengibre ou em pratos com pimenta. No entanto, nos últimos anos, elas passaram de ingredientes comuns a superalimentos, com promessas de propriedades curativas e preventivas. Mas será que esses temperos fazem bem de verdade? Ou será que existe algum tempero que faz mal? Vamos entender melhor.
Pimenta: faz bem ou mal?
A pimenta é um dos condimentos mais populares e, ao mesmo tempo, um dos mais estudados. O ingrediente ativo da pimenta, a capsaicina, interage com os receptores de temperatura do corpo, causando a sensação de calor. Diversos estudos investigaram os impactos da pimenta na saúde, revelando tanto benefícios quanto possíveis riscos.
Uma pesquisa italiana de 2019 observou que pessoas que consumiam pimenta quatro vezes por semana tinham um risco menor de mortalidade em comparação com aquelas que não a consumiam. A análise, que considerou fatores como tabagismo, dieta e exercícios físicos, sugere que a pimenta faz bem à saúde, especialmente em relação à redução de mortes por doenças como câncer e doenças cardíacas.
Por outro lado, uma pesquisa chinesa com meio milhão de adultos indicou que o consumo frequente de pimenta estava ligado a uma redução de 14% no risco de mortalidade. O autor do estudo, Lu Qi, professor da Universidade de Harvard, explica que a capsaicina pode melhorar o metabolismo e a inflamação, o que contribui para esses benefícios. No entanto, ele alerta que comer grandes quantidades de pimenta não traz resultados imediatos e que os benefícios surgem com o tempo.
Mesmo com os resultados animadores, Zumin Shi, professora da Universidade do Catar, encontrou uma associação entre o alto consumo de pimenta e o declínio cognitivo. Pessoas que consumiam mais de 50g por dia apresentaram maior risco de relatar problemas de memória, o que gera questionamentos sobre se o tempero faz mal em excesso.
A cúrcuma e seus mistérios
A cúrcuma também é amplamente reconhecida por seus benefícios à saúde, graças à curcumina, seu principal componente. Utilizada na medicina alternativa, a cúrcuma é famosa por seus supostos efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes. Durante a pandemia, ela se popularizou ainda mais, com relatos sobre sua capacidade de reforçar o sistema imunológico.
Estudos de laboratório mostram que a curcumina tem propriedades anticancerígenas, mas sua eficácia em humanos é questionável. Kathryn Nelson, ex-professora da Universidade de Minnesota, aponta que a curcumina não é facilmente absorvida pelo corpo, o que limita seus efeitos. Assim, consumir cúrcuma em pequenas quantidades no dia a dia pode não fazer muita diferença, e sua promessa como remédio natural ainda carece de provas científicas.
O segredo é: consumir com moderação!
Apesar dos benefícios, é importante entender que tanto a pimenta faz mal quanto outros temperos podem ter efeitos adversos se consumidos em grandes quantidades. Por exemplo, enquanto pequenas doses de capsaicina podem acelerar o metabolismo, doses altas podem ser tóxicas. A professora Kirsten Brandt, da Universidade de Newcastle, explica à BBC que muitos compostos encontrados nas especiarias evoluíram como defesa das plantas, podendo ser levemente tóxicos para nós em excesso.
No fim, a moderação é a chave. A ciência ainda está em busca de respostas definitivas sobre os efeitos das especiarias em nossa saúde, mas o equilíbrio no consumo é sempre a melhor opção. Aposte em refeições saborosas, mas fique atenta ao que seu corpo diz, pois até os ingredientes mais saudáveis podem surpreender.
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