Lutando contra um câncer de pulmão, Rita Lee morreu nesta segunda-feira (8) aos 75 anos. Com a imaginada repercussão da notícia, muitos amigos e parceiros, como Astrid Fontenelle e Pitty, estão usando as redes para se despedir da artista.
E por falar de grandes nomes que dividiram os palcos com ela, nada melhor do que relembrar alguns momentos dos 39 anos de uma carreira recheada de sucessos da cantora, compositora e escritora Rita Lee Jones de Carvalho.
Nascida na cidade de São Paulo no último dia de 1947, a filha caçula de uma família com mais duas irmãs se dividia entre dois grandes sonhos de criança: ser médica veterinária ou atriz. No entanto, o talento para a mundo musical também chamou atenção ainda na infância.
Não à toa, o primeiro grupo musical da jovem Rita surgiu logo aos 16 anos. O ‘Teenage Singers’, precursor da grandiosa carreira, era um grupo formado apenas por meninas. Ela ainda participou de outros grupos ao longo da década de 1960, até chegar ao ‘III Festival de Música Popular Brasileira’, da TV Record, com a presença de Gilberto Gil.
Ao lado de Rita Lee e Gilberto Gil, outros nomes conhecidos também marcaram o Tropicalismo, movimento cultural responsável por grandes mudanças na arte brasileira. Foram eles: Caetano Veloso, Torquato Neto, Maria Bethânia, Gal Costa, Tom Zé, Rogério Duprat e muitos outros.
PRISÃO E GRAVIDEZ
No auge de seus 28 anos, a roqueira passou por um dos momentos mais delicados de sua vida. Ao mesmo tempo em que vivia a felicidade de uma gravidez, fruto de seu relacionamento com Roberto de Carvalho, com quem ela esteve até a morte, Rita Lee foi mais uma das vítimas da Ditadura Militar.
Conforme a versão policial da época, os agentes encontraram 300 gramas de maconha, restos de cigarros e um narguilé na casa da artista. Ela foi acusada, presa e condenada por porte de drogas, crime que a deixou na cadeia por cerca de um mês.
Após o episódio, recebeu o direito de cumprir o ano restante de sua pena em prisão domiciliar. Cabe ressaltar que ela era considerada um dos grandes símbolos da liberdade sexual feminina em uma época conservadora do país, o que pode ter sido o verdadeiro motivo para sua prisão.
VIROU O JOGO
Se o plano das autoridades era manchar a imagem de Rita Lee perante o público, a execução da ideia saiu totalmente errada. No ano seguinte à prisão, ela deu à luz Beto Lee, primeiro dos três filhos do casal, que viu sua união aumentar após o episódio negativo.
Além do nascimento do filho, Roberto, um grande guitarrista e pianista, se juntou à amada na banda Tutti Fruti. Em parceria com Nelson Motta, o casal compôs ‘Perigosa’, canção que conhecida na voz das ‘Frenéticas’.
SUCESSOS
Muito antes de ‘Mania de Você’, lançada em 1979, Rita Lee despontou com outros grandes sucessos musicais. ‘Meu bom José’,’Aqui Vou Eu’ e ‘Hoje é o Primeiro Dia do Resto de Sua Vida’, lançados no início da década de 1970 são alguns dos grandes exemplos.
Com direito ao lançamento de ‘Fruto Proibido’, considerado por muitos como um dos melhores discos do rock brasileiro, e investimento pesado ao lado da banda Tutti Frutti, capitaneada por ela, Lee despontou com a maior estrela do gênero no país.
Anos mais tarde, voltando a parceria com Roberto, ‘Doce Vampiro’, ‘Chega Mais’, ‘Mania de Você’, ‘Papai Me Empresta o Carro’ e ‘Corre-Corre’ foram alguns dos lançamentos ao lado do marido, com quem ela acumulou mais de quinze álbuns e uma performance que marcou gerações.
Chegando a 1980, o que falar de ‘Lança Perfume’? A canção foi mais um lançamento histórico e uma das músicas mais ouvidas na voz de Rita Lee.
CARREIRA
Muito além das 326 músicas e 596 gravações creditadas para ela no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), Lee também se aventurou em outras áreas. Apresentar programa de rádio e TV, escrever de livro infantil e atuar em filmes e novelas foram algumas das aventuras da artista multigeracional.
Mas não tem jeito: na música, Rita Lee era Rita Lee. Além dos sucessos já citados, ela foi a responsável por abrir o show dos Rolling Stones na turnê brasileira, foi a primeira mulher a receber o Prêmio Shell, ainda em 1996.