Quando focamos em um só objetivo, corremos o risco de não enxergar outras possibilidades. Porque, algumas vezes, o que é enaltecido como “meta de vida” pode ser apenas um jeitinho glamouroso de não fazer nenhum movimento e esperar que caminhos se abram milagrosamente, enquanto outros, bem mais acessíveis e que também cabem no seu sonho, estão ali, ao alcance.
Quantas vezes não sofremos pelo impossível? Entramos no ciclo do “eu quero porque quero”, sem notar que tem coisa melhor ali, na sala de espera da nossa convicção, aguardando um olhar mais atento.
E isso acontece com carreira, amor e por aí a fora: seu objetivo é fazer medicina, mas sua realidade não permite essa dedicação integral? Resultado: lamenta e desiste de todas as faculdades. Adoraria morar na praia, mas seu trabalho está a 100 quilômetros de distância do mar? Então abandona a ideia da casa própria. Seu grande amor não compartilha da convicção de que serão felizes para sempre e, por isso, você opta por não olhar mais ninguém. Pois é!
Tudo vai contra, mas você insiste, acreditando que existe uma conspiração interplanetária para te tirar do foco e jura que vai ser mais forte, dá uma banana para o cosmo e segue distribuindo murro em ponta de faca, orgulhoso de sua crença inabalável. Determinado e infeliz.
MEDO DE TENTAR
Acontece que, travestido de determinação, tem muito medo se escondendo. Medo de sair do piloto automático e repensar a vida como uma rota de mil alternativas e não como uma viagem sem escalas. Um pânico de tentar o diferente, de desapegar de dogmas antigos, que viram armadura pesada e não deixam a gente sentir a brisa das novidades.
É preciso aceitar que tem plano que não vai dar certo e isso está longe de ser resignação. É sabedoria. Fincar bandeira em um único propósito afunila suas chances e abre portas para a frustração. O mundo está bem mais mutante do que há 10, 20 anos.
Não se vangloria mais quem faz carreira em uma só empresa, vive um casamento de 30 anos sem amor ou constrói patrimônio só para acumular números, quando os únicos números que a gente deveria acumular são amigos, viagens e experiências que agreguem. Porque essas bagagens nunca vão acusar excesso de peso.
E experiências vêm de experimentar, de tentar e errar, de voltar atrás e não ter nenhum receio de ser uma metamorfose ambulante, como cantou Raul Seixas. Porque a única teimosia aceitável é chegar na estação felicidade, independente de quantas baldeações você tiver que fazer para ir até lá.
*WAL REIS é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br