Kênia Gama não se deixou abater por uma série de desafios que, para muitos, poderiam significar o fracasso. Sua jornada começou com uma rotina de trabalho pouco valorizada, além de fazer parte da estatística de evasão escolar por se ver mãe ainda adolescente.
Proprietária de uma consultoria de apoio ao empreendedorismo feminino que já faturou R$ 80 milhões, chamada ‘Mulher Brilhante’, a trajetória dela não foi fácil. E esta jornada começou em circunstâncias humildes.
Aos 17 anos, uma gravidez a levou a interromper sua matrícula na faculdade, ao mesmo tempo, em que deu início ao seu casamento e a assumir a função de professora de idiomas. Ganhava R$ 9 por aula, de forma autônoma e com oportunidades escassas.
Com o passar dos anos, ela e o marido decidiram mudar os rumos das suas histórias ao estabelecer uma agência de Turismo voltado ao setor público. “Diariamente, eu escolhia um edifício e distribuía nossos panfletos. Mantive esse ritmo por quatro meses, visitando cerca de 100 edifícios”, recorda.
O casal havia estabelecido um prazo, pois caso não conseguissem um cliente, estavam preparados para desistir. “Finalmente, conquistamos nosso primeiro cliente, e naquela época, essa vitória nos proporcionou uma viagem. Foi o respiro que tanto precisávamos, uma resposta divina”, compartilha.
Assim, Kênia passou a fornecer para o governo e a participar de licitações. Não demorou para que ela entrasse no ramo de eventos. Foi quando ganhou uma licitação de R$ 22 milhões. A essa altura, Kênia já não vivia na periferia, tinha casa própria e sua filha estudava em colégio particular.
MAS ELA QUEBROU…
“Eu estava cega pelo trabalho e por brigas políticas, os novos integrantes não queriam assinar as notas que nós tínhamos acordado com a gestão anterior. Fiquei sem receber R$ 4 milhões, não tinha como pagar os impostos, os fornecedores, me vi sem chão”, lembra.
O resultado foi uma depressão aos 27 anos e a separação. “Eu fali em todas as áreas”, conta. “Tomava remédio para dormir, como se fosse só um pesadelo que iria passar. Um dia a minha filha me acordou dizendo ‘mamãe, você precisa comer’. Naquele momento eu vi que estava tudo errado”, continua.
Gama entrou em contato com os fornecedores e conseguiu renegociar suas dívidas, parcelar os impostos e se reerguer aos poucos. “Eu me desesperei a princípio porque não tinha inteligência emocional, nem mentores”, explica.
Ela voltou com o marido na audiência de divórcio, e a parceria comercial também se reestabeleceu. “Estamos casados há 22 anos”, celebra. Kênia fez cursos de gestão, de desenvolvimento humano, tudo para que nunca mais precisasse passar por aquela situação e atualmente compartilha conhecimentos.