No ar como o personagem Tadeu em ‘Malhação: Toda Forma de Amar’, o ator João Fernandes dos Santos Nunes, de 20 anos, foi diagnosticado com Diabetes tipo 1, versão autoimune da doença, aos 4 anos de idade.
Desde então, o carioca dá duro para se manter saudável dentro da rotina corrida: “É muito complicado, pois meus dias são sempre muito diferentes. Eu tento me alimentar o mais saudável possível dentro de casa, para estar respaldado quanto o pé entrar na jaca na rua”, explica o ator, em entrevista para AnaMaria Digital.
AUMENTO SIGNIFICATIVO
Mas João não está sozinho nesta realidade. De acordo com estimativas levantadas pelo Atlas da Diabetes, em março deste ano, aproximadamente 13 milhões de brasileiros tiveram o diagnóstico da doença. E esses índices tendem a aumentar mais de 150% até o ano de 2035.
Por essa razão, o artista apoia a iniciativa de separar um dia no ano, 14 de novembro, para fazer a população em geral se conscientizar da doença: “Quanto mais o povo entender sobre a diabetes, o estilo de vida e a necessidade de apoio do governo, as coisas começam a andar”, declara.
DIAGNÓSTICO
O corpo humano funciona baseado nas reservas de glicose, que são metabolizadas pela insulina, produzida nas células beta do pâncreas.
Neste processo, a insulina regula a quantidade de glicose e pode armazená-la na forma de gordura, por exemplo, ou utilizá-la como combustível para atividades metabólicas.
DIABETES TIPO 1
O problema é que o sistema imunológico de algumas pessoas passa a atacar as células beta, danificando a produção de insulina, o que leva a um aumento nos índices de glicose no sangue. Isto caracteriza um paciente diagnosticado com Diabetes tipo 1.
Normalmente descoberto durante a infância, o tratamento para o tipo 1 consiste nas aplicações de insulina, uso de medicamentos, manter uma alimentação balanceada e a
realizar exercícios físicos.
João Fernandes relembra que, na época da descoberta da doença, sua mãe percebeu alterações de humor, além de sentir seu suor muito doce. “Um dia, ela experimentou não dar descarga quando fui ao banheiro e a água amanheceu cheia de formigas”, conta.
Segundo Cláudio Ambrósio, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo, não é muito comum diabéticos apresentarem suor doce, uma vez que a glicose não se acumula no tecido ou na glândula, mas sim no sangue.
Formigas no vaso sanitário, porém, podem ser um bom indicativo de que há algo de errado: “É uma das formas mais comuns da pessoa desconfiar que está tendo um problema de diabetes”, explica.
DIABETES TIPO 2
Uma vez que o metabolismo não consegue administrar o uso adequado da insulina produzida, ou gerar quantidades suficientes para controlar os índices glicêmicos do corpo, a pessoa apresenta um quadro de Diabetes tipo 2.
Mais frequente em adultos, representa cerca de 90% dos casos de diabetes, segundo uma estimativa levantada pela Sociedade Brasileira das Análises Clínicas.
A doença pode não apresentar sintomas por anos, entretanto, algumas ocorrências comuns são: cicatrização lenta, visão embaçada, muita sede e fome, necessidade de urinar várias vezes, formigamento e desenvolvimento de infecções na bexiga, rins ou pele.
O controle pode ser realizado por meio da alimentação, atividades físicas e, dependendo da gravidade, uso de insulina e medicamentos.
Vale lembrar que, em alguns casos, pacientes diagnosticados com Diabetes tipo 2 podem passar por um processo autoimune que causa a perda de células beta, dando origem à uma variação da doença conhecida como Latente Autoimune do Adulto (LADA).
Ambrósio revela ainda que a diabetes também pode estar relacionada a outros problemas de saúde, como a chamada Síndrome Metabólica, que é caracterizada pela junção de várias doenças. “São aquelas pessoas que também tem colesterol alto, pressão alta, muita barriga, ácido úrico, por exemplo”, diz.
DIABETES PSICOLÓGICA?
Vale ressaltar que os aspectos psicológicos se relacionam diretamente com os índices de glicose no sangue. De acordo com o endocrinologista, mesmo não sendo suficiente para causar a doença, pessoas já diagnosticadas com diabetes devem ter cautela quando o assunto é nervosismo.
“Um tratamento psicológico ajuda a manter a diabetes sob controle, porque a ansiedade é um fator agravante, que pode descontrolar em algum momento”, salienta.
FORMAS DE PREVENÇÃO
Quando o assunto é prevenir a doença, o profissional ressalta: manter o peso controlado é essencial. Para alcançar isso, não existe escapatória: é necessário apostar na dupla dieta e exercícios.
“Não precisa ser muita atividade física, duas ou três vezes por semana, uma coisa que agrade a pessoa. Ter uma vida comum, em uma festa, por exemplo, participar, mas não ser aquela pessoa que vai comer sobremesa todo dia, que vai descontrolar a alimentação ao ponto de desequilibrar o peso”, indica.
TRATAMENTO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA
Nos casos parecidos com o de João Fernandes, existe ainda um outro agravante:como conscientizar crianças e adolescentes de que eles devem tomar determinados cuidados? Para Cláudio Ambrósio, tudo depende da comunicação.
“Os pais ou responsáveis devem a verdade, explicando o que é a doença e conscientizando de uma forma madura e não alarmante, com certa naturalidade”, sugere o especialista.
No que diz respeito ao controle da alimentação, João Fernandes lembra que a época da adolescência foi a fase mais difícil de se adaptar.
“Quando minha mãe tomava as rédeas, as coisas eram mais fáceis, pois eu sempre respeitei muito ela e me dava bem com a alimentação. A coisa começou a mudar na adolescência, fase de descobertas, tive que cuidar de mim mesmo e comecei a vacilar com o controle, mas logo entendi como seriam as consequências e a importância de um bom estilo de vida”, revela.