Daniel Sonnewend Proença, o único dos quatros médicos que sobreviveu ao ataque a tiros que aconteceu em outubro no Rio de Janeiro, já realizou cinco cirurgias e deve fazer mais duas. O médico foi atingido por 14 disparos.
Ao ‘Fantástico’ do último domingo (17) ele falou sobre o episódio. “Todo dia tem que ser uma superação”, afirmou ao dominical da TV Globo.
Após o ataque, Daniel faz fisioterapia todos os dias, rotina essa que já dura cerca de dois meses e meio. Ele terá que ser submetido a novas cirurgias, as quais devem ser para a retirada da bolsa de colostomia e outra para correção ortopédica.
Na entrevista, o médico também refletiu sobre a nova dinâmica de vida. “Entende-se um pouco mais da brevidade da vida, todos esses fatores que às vezes assustam um pouco mais e mudou que todo dia está sendo exigido muito de mim. Está sendo todo dia uma reabilitação. A gente sabe que tem dias bons, dias piores”, disse.
Ele ainda relembrou o momento do atentado. Daniel contou que confundiu o som dos disparos com o barulho de fogos de artifício. Isso porque, na data, o Fluminense, time carioca de futebol, tinha se classificado para a semifinal da Libertadores.
“Quando eu comecei a virar, protegendo meu rosto com a mão direita pra me jogar no chão, para sair do nível dos fogos, comecei a sentir muita dor no braço direito, em vários lugares. Aí, eu caí no chão”, relatou ao ‘Fantástico’.
Mesmo muito ferido, o médico conseguiu analisar brevemente as lesões provocadas pelos tiros. “Tentei forçar vômito, para ver se tinha alguma perfuração abdominal. Eu via o sangue escorrendo pelo meu corpo. Eu sabia que possivelmente essa seria a principal causa daquele momento da minha luta pela vida”, revelou.
Daniel levou um tiro no pé esquerdo, na perna esquerda, no braço, no ombro esquerdo e um tiro que passou de raspão em uma das suas mãos, atingiu todos os ligamentos.
RELEMBRE
O ataque a tiros do qual Daniel sobreviveu aconteceu na madrugada de 5 de outubro deste ano na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Entre as vítimas fatais estão: Marcos de Andrade Corsato, Diego Ralf de Souza Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida.
Ao ‘Fantástico’, o único sobrevivente contou que viu os amigos serem mortos pelos criminosos. “O Perseu, vi ele tentando fugir, aí, infelizmente, o executor esticou o braço direto e disparou alguns tiros, ele parou de se mexer, e eles foram embora. O Diego começou a gritar.”
Uma das vítimas, o ortopedista Diego Ralf Bomfim, é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), o que, inicialmente, levantou as suspeitas de ser um crime político. Mas, com as investigações, a Polícia Civil concluiu que os médicos foram atacados por engano ao serem confundidos com o alvo dos criminosos. Os assassinos foram mortos horas após o atentado.