O autismo em adultos é uma condição que, por muito tempo, foi subdiagnosticada e pouco compreendida. Diferentemente das crianças, que muitas vezes apresentam sinais mais evidentes desde cedo, os adultos com autismo podem desenvolver estratégias para lidar com as dificuldades sociais e de comunicação, o que dificulta o reconhecimento da condição. O diagnóstico em adultos, portanto, exige uma avaliação mais aprofundada e especializada, considerando as particularidades de cada indivíduo e as nuances do transtorno do espectro autista (TEA).
Mas por que o diagnóstico de autismo em adultos é tão desafiador? Quais são os indicativos e como buscar ajuda? Neste artigo, AnaMaria aborda essas questões e busca desmistificar o diagnóstico do TEA em pessoas adultas.
O diagnóstico do autismo em adultos: um processo complexo
O diagnóstico do autismo em adultos é um processo multidisciplinar que envolve diferentes profissionais, como psiquiatras, psicólogos e neurologistas. A avaliação leva em consideração diversos fatores, como:
- História de vida: uma análise detalhada da história de vida do indivíduo, desde a infância até a idade adulta, é fundamental para identificar padrões comportamentais e dificuldades que podem estar relacionadas ao autismo;
- Avaliação neuropsicológica: através de testes neuropsicológicos, é possível avaliar as habilidades cognitivas, sociais e emocionais do indivíduo, comparando os resultados com os de pessoas neurotípicas;
- Entrevistas com familiares e amigos: o relato de familiares e amigos sobre o comportamento do indivíduo ao longo da vida pode fornecer informações valiosas para o diagnóstico;
- Observação do comportamento: a observação do comportamento do indivíduo em diferentes contextos, como no trabalho ou em situações sociais, é essencial para identificar padrões de interação social e comunicação.
Por que o diagnóstico de autismo em adultos é mais complicado?
Existem diversos motivos que tornam o diagnóstico de autismo em adultos mais complexo do que em crianças:
- Comorbidades: muitas vezes, o autismo em adultos coexiste com outros transtornos mentais, como ansiedade, depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o que pode mascarar os sintomas do TEA;
- Adaptação social: ao longo da vida, os adultos com autismo podem desenvolver estratégias para se adaptar às expectativas sociais, o que pode levar a uma diminuição da intensidade de alguns sintomas;
- Falta de conscientização: a falta de conhecimento sobre o autismo em adultos por parte de profissionais de saúde e da sociedade em geral dificulta o reconhecimento da condição;
- Preconceito e estigma: o estigma associado ao autismo pode levar as pessoas a evitarem buscar um diagnóstico, temendo julgamentos e discriminação.
Indicativos de autismo em adultos
Embora cada indivíduo com autismo seja único, existem alguns indicativos comuns que podem sugerir a presença do transtorno em adultos são:
- Dificuldades na comunicação social: dificuldade em iniciar e manter conversas, interpretar linguagem não verbal e compreender as nuances sociais;
- Interesses restritos e repetitivos: forte interesse em um número limitado de tópicos, realizando atividades repetitivas e seguindo rotinas rígidas;
- Dificuldades sensoriais: sensibilidade excessiva ou reduzida a estímulos sensoriais, como sons, luzes, texturas ou cheiros;
- Dificuldades com a mudança: dificuldade em lidar com mudanças em rotinas ou ambientes, o que pode gerar ansiedade e estresse.
Como buscar ajuda para o diagnóstico?
Se você suspeita que pode ter autismo ou conhece alguém que apresenta os sintomas, é importante buscar ajuda de um profissional de saúde especializado. O primeiro passo é procurar um psiquiatra ou psicólogo com experiência em TEA.
O profissional irá realizar uma avaliação completa, incluindo uma entrevista clínica, testes psicológicos e, se necessário, solicitar exames complementares. Após o diagnóstico, é possível iniciar um tratamento adequado, que pode incluir terapia comportamental, terapia ocupacional e medicação, se necessário.
O diagnóstico de autismo em adultos é um processo complexo e individualizado, mas fundamental para que a pessoa possa receber o apoio e os recursos necessários para uma melhor qualidade de vida. Com o apoio adequado, é possível viver uma vida plena e realizada.
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