No último dia 8 de março, Marília Gabriela, 72 anos, usou seu Instagram para anunciar que havia sido diagnosticada com câncer de nariz, após procurar seu médico por causa de uma espinha na narina esquerda que não desaparecia. Segundo ela, o especialista não gostou do que viu e pediu exames aprofundados. Resultado: carcinoma basocelular, uma espécie de câncer de pele que é considerado traiçoeiro, porém não é o tipo de tumor que pode se alastrar. A apresentadora passou por cirurgia para retirada do tumor, recebeu alta e, logo em seguida, usou as redes para aconselhar seus seguidores: “Usem protetor solar, de preferência até dentro de casa, sempre”. De acordo com a oncologista Sheila Ferreira, do CPO Oncoclínicas, o câncer de pele está diretamente relacionado a uma constante exposição à radiação ultravioleta (UV) sem uso de proteção adequada. Por isso, é preciso estar atento aos sinais de alerta.
Entenda quais são os sintomas, os tratamento e as formas de prevenção da doença.
ANÚNCIO NAS REDES
Marília Gabriela veio a público tranquilizar os fãs após se submeter a uma cirurgia para retirado do tumor na narina esquerda. No Instagram, ela publicou uma foto com o curativo pós-cirúrgico e fez um alerta: “Meu Dia Internacional da Mulher! Deu-se com uma espinha que apareceu na minha narina esquerda e não saía mais, meu querido doutor. Otávio não gostou do que viu e me mandou para exames aprofundados que resultaram, uma semana e meia depois (hoje), numa cirurgia para retirada de um sorrateiro carcinoma basocelular”, começou ela. Passei uma semana bem da estressante… até hoje. Recebi alta agora há pouco, tenho um chumaço me entupindo o nariz que deve ficar assim até a sexta-feira e, importante, um conselho a dar: usem protetor solar, de preferência até dentro de casa, sempre. Como disse meu cirurgião, doutor Luiz Roberto Terzian, quando argumentei que tomei sol pra valer e sem protetor ‘só’ na adolescência: ‘Não importa, tomou sol uma vez, na idade que for, é pra sempre’. Anotado e passado pra frente. Obrigada e obrigada ao doutor Marcelo Pasquali que me anestesiou… Beijos grogues desta sempre sua, G”, finalizou a apresentadora.
FATOR DE RISCO
De fato, o principal fator de risco para o surgimento de um carcinoma basocelular é a exposição ao sol em excesso e sem protetor solar: “O basocelular é o mais prevalente câncer de pele que existe”, explica a dermatologista Fernanda Nichelle. Pessoas que tomaram sol durante a infância, adolescência ou juventude e que não usaram protetor solar adequadamente têm um risco elevado de ser acometido pela doença. “O sol que a pessoa toma pode fazer um dano cumulativo na pele e causar tardiamente o carcinoma basocelular”, alerta a especialista. Outros fatores como tabagismo, alcoolismo, idade avançada e histórico familiar também podem influenciar no surgimento desse tipo de câncer, que costuma atingir pessoas de pele e olhos mais claros.
REGIÕES AFETADAS
Normalmente, o basocelular surge na região da face, como nariz, orelhas e até couro cabeludo, ou seja, nas áreas mais expostas ao sol. E, embora ele possua uma baixa mortalidade, é um câncer mais destrutivo, pois, dependendo do local, pode acometer todo o tecido ao redor. Vale dizer que ele não se espalha pelo corpo, como acontece com o melanoma, mas pode ficar muito grande.
“Ele tem uma capacidade de expansão muito forte, de destruição de tecido. Dependendo do local acometido, o paciente pode precisar ser submetido a uma reconstrução ou até mesmo o uso de enxerto, de tanto espaço que esse câncer acometeu”, explica Nichelle.
PRINCIPAIS SINTOMAS
Como dito anteriormente, este tipo de câncer desenvolve-se principalmente em partes do corpo mais expostas à luz solar, como rosto ou pescoço, apresentando sinais como:
- Pequena ferida que não cicatriza ou sangra repetidamente.
- Pequena elevação na pele de cor esbranquiçada, podendo ser possível observar vasos sanguíneos.
- Pequena mancha marrom ou vermelha que vai aumentando ao longo do tempo.
Atenção: caso a mancha na pele apresente características como bordas muito irregulares, assimetria ou um tamanho que vai crescendo muito rápido ao longo do tempo, também pode indicar um caso de melanoma, que é o tipo mais grave de câncer na pele.
TIPOS
- Carcinoma Basocelular Nodular: tipo mais comum, afeta principalmente a pele do rosto e normalmente surge como uma ferida no centro de uma mancha vermelha.
- Carcinoma Basocelular Superficial: afeta especialmente regiões do corpo como costas e tronco, podendo ser confundido com um eritema na pele ou vermelhidão.
- Carcinoma Basocelular Infiltrativo: é o carcinoma mais agressivo, podendo atingir outras partes do corpo.
- Carcinoma Pigmentado: caracteriza-se por apresentar manchas mais escuras, sendo mais difícil de diferenciar do melanoma.
TRATAMENTO
Vai depender do estágio e local acometido. É possível retirar o câncer por meio de terapia fotodinâmica, que é a aplicação de um medicamento em que o paciente é exposto a um tipo de luz com a função de eliminá-lo. Também é possível retirá-lo com uma criocirurgia/terapia, onde a lesão é congelada, e até cirurgia convencional, se necessário.
PREVENÇÃO
Para evitar que o carcinoma basocelular se desenvolva, é recomendado usar protetor solar com fator de proteção maior que 30, assim como evitar a exposição solar em horários em que os raios ultravioletas são muito intensos, usar chapéus e roupas com proteção UV, aplicar protetor labial com filtro solar e não fazer bronzeamento artificial. É preciso ter cuidados com bebês e crianças também.
Use sempre filtro solar próprio para a idade, pois os pequenos são mais suscetíveis aos efeitos negativos da radiação Ultravioleta.
INCIDÊNCIA DO CÂNCER DE PELE
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), há mais de 580 mil novos casos no Brasil ao ano, sendo o de pele o mais frequente. No cenário de informações e conscientização sobre a doença, muito se discute sobre os cânceres de pele do tipo melanoma.
No entanto, o tipo não melanoma é justamente o mais diagnosticado ao redor do mundo e corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Carcinoma basocelular é o tipo mais comum de câncer de pele, correspondente a 75% dos casos, porém com grandes índices de cura.