Problemas respiratórios, tosse, nariz entupido, boca ressecada e muito mais: os sintomas de que o frio está causando problemas à saúde humana são claros. No entanto, a dúvida permanece quando o assunto é o bem-estar dos animais: afinal, gatos e cachorros sentem frio?
Pois é, muita gente tem a dúvida e gostaria de saber se os pets também são afetados pelas baixas temperaturas. Até porque, ao contrário de nós, eles não externam esses sentimentos. Pelo menos não de uma maneira clara para que todos possam entender.
Por isso, é importante entender se gatos e cachorros sentem frio — sobretudo no inverno, que chegou com tudo, como os termômetros evidenciam. AnaMaria já mostrou os efeitos do calor no bem-estar dos animais domésticos. Naquele caso, a resposta foi positiva. Mas e sobre o tempo mais gelado?
Também! Ou seja: sim, animais domésticos, como gatos e cachorros, sentem frio. A médica-veterinária Rosângela Ribeiro Gebara, integrante da Comissão de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), explica que os animais são afetados por quedas bruscas de temperatura, com os ventos e as chuvas.
“Por isso, é muito importante mantê-los protegidos e aquecidos”. Mas afinal, como lidar com eles no inverno? Qual temperatura é prejudicial? Como saber quando eles estão com frio? Quais são as estratégias permitidas e recomendadas para aquecê-los? É o que AnaMaria te conta.
O frio para os pets
Cães e gatos são considerados animais endotérmicos, aqueles que possuem capacidade de regular a própria temperatura corporal (processo denominado termorregulação) mesmo em condições ambientais e climáticas adversas. Porém, há situações em que o frio traz prejuízos à saúde deles.
É que a temperatura média de felinos e caninos fica entre 38 e 39,5°C (número que já indica febre nos humanos). Em dias muito frios, por exemplo, eles podem ter dificuldade em manter a temperatura ideal, já que o gasto calórico para a termorregulação é alto.
Frio intenso: quais são os problemas de saúde causados pelas baixas temperaturas?
Assim, o pet pode sofrer com ineficiência imunológica, o que gera maiores chances de desenvolver problemas de saúde e doenças. Vale mencionar que, assim como os humanos, os animais também são únicos quanto às sensações e sentimentos.
Por isso, não é possível precisar uma temperatura exata para afetá-los. Fatores como a raça, idade, tamanho e peso afetam essa percepção. Dentre as raças de cachorro com maior capacidade de se proteger do frio estão:
- Husky Siberiano;
- Akita Inu;
- Chow Chow;
- São Bernardo.
- Golden Retriever;
- Samoieda.
Por outro lado, os filhotes são mais suscetíveis às baixas temperaturas. Já os gatos, de maneira geral, tendem a se incomodar com temperaturas na casa dos 25ºC.
Como proteger os pets do frio?
Agora que você já sabe que gatos e cachorros sentem frio, é essencial entender quando o tempo está afetando-os. Para isso, basta ficar atento a alguns sinais característicos das espécies, como tremores ou o ato de se encolher em algum canto da casa. Confira outros sinais:
- Sonolência;
- Patas e orelhas geladas;
- Respiração lenta;
- Busca da luz solar;
- Busca por locais mais aquecidos ou isolados;
E é quando surge o papel dos tutores em ajudá-los a se manter confortáveis, seguros e protegidos do frio e de suas consequências. As estratégias para isso são variadas, e incluem desde hábitos simples, como a alimentação equilibrada, até cuidados especiais.
- Alimentação e hidratação
Como já citado, os animais domésticos usam mais calorias para manter o corpo na temperatura ideal. Por isso, é importante redobrar a atenção com a dieta deles durante o período mais frio. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a quantidade de comida — mas antes consulte o médico-veterinário.
Outro ponto de atenção é a hidratação. Isso porque, assim como os humanos, os bichanos tendem a beber menos água no frio. Logo, pode ser preciso usar estratégias para incentivar a hidratação. Certifique-se de que seu cão ou gato possui sempre água fresca disponível.
- Passeios, sim!
Friozinho combina com muita preguiça e aconchego na cama, certo? Para os cães, pelo menos, não. Os passeios ao ar livre seguem de extrema importância na rotina deles. No caso de dias de muito frio, tente ajustar os horários para sair nos horários mais quentes. Passeios muito cedo ou à noite podem expor o pet ao vento e temperaturas muito baixas.
- Banho e tosa
A higiene também passa por adaptação durante os meses mais frios do ano. Banho apenas quando necessário e sempre com água morna (não quente). Além disso, torna-se ainda mais importante secar o animal completamente. Os pelos e a pele molhados, já prejudiciais pela capacidade de gerar infecções e alergias, potencializa o frio.
Já durante a tosa, recomenda-se tirar menos pelos do que o habitual e também apenas quando necessário . Isso porque os pelos funcionam como isolante térmico, além de usá-los para manter a temperatura corporal.
- Pode usar roupas?
Aquele casaco quentinho logo sai do armário assim que chega o frio, não é mesmo? Pois é, talvez seu amigo de quatro patas precise de uma ajuda parecida. Porém, sempre tome cuidado na hora de colocar roupas em cães ou gatos, já que seu uso ainda divide opiniões entre os especialistas.
De maneira geral, garanta que o pet não se sinta incomodado com a vestimenta, além de escolher peças confortáveis, que não afetem a movimentação ou circulação: “Muitos cães com pelos longos ou com sub-pelo, mais adaptados aos climas frios, acabam não precisando desta proteção extra”, explica Gebara.
- Quentinho e protegido do frio
A primeira providência a ser tomada para afastar o pet do frio é protegê-lo. Deixe-o dentro de casa e distante dos ventos e até da chuva. A exposição à baixa temperatura pode ocasionar quadros de hipotermia, principalmente em locais mais frios: “Assim como uma criança ou um idoso, os cães e gatos podem adoecer nessas condições”, diz a especialista.
Já na hora de dormir, deixe seu amigo distante do chão. A recomendação é que o local fique pelo menos 4 cm acima do chão. Além disso, forre o espaço com mantas, lençóis, edredons, jornais e tudo aquilo que for conveniente para deixar o dormitório mais aconchegante e quentinho.
Por fim, mas não menos importante: a vacinação. As doses do imunizante recomendadas irão proteger seu amigão de doenças virais, como a gripe canina, causada pelo vírus da influenza (tipos H3N8 e H3N2), e o vírus da cinomose.
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