A punição por fazer xixi na cama, além de ser ineficaz, pode causar danos emocionais e físicos profundos na vida das crianças
Um estudo pioneiro revelou um dado alarmante: mais da metade das crianças brasileiras que sofrem com escapes de xixi são punidas pelos pais (geralmente por fazerem xixi na cama). Essa prática, além de ser ineficaz, pode causar danos emocionais e físicos profundos nas crianças, dificultando o tratamento e impactando negativamente sua qualidade de vida.
A pesquisa, realizada no Centro de Distúrbios Urinários da Criança (CEDIMI) e conduzida pelo urologista pediátrico Ubirajara Barroso Jr. e equipe do CEDIMI, destaca a importância de compreender o impacto dessas práticas no bem-estar emocional e físico das crianças. AnaMaria aborda as consequências das punições por conta dos escapes de xixi na vida das crianças.
Os escapes de xixi, tanto diurnos quanto noturnos, são mais comuns na infância do que se imagina. Essa condição, conhecida como enurese, pode ter diversas causas, desde fatores fisiológicos até questões emocionais. Muitas vezes, os pais e cuidadores sentem-se frustrados e impotentes diante do problema, buscando soluções rápidas e, infelizmente, ineficazes.
A punição por fazer xixi na cama, por exemplo, é uma prática recorrente, mas que o estudo chama a atenção para a necessidade urgente de uma mudança na forma de lidar com esse problema comum na infância. Isso porque punir está longe de ser uma solução, pelo contrário, agrava a situação e cria um ciclo vicioso de sofrimento e frustração para toda a família.
Os resultados do estudo indicam que 51,1% das crianças enfrentaram algum tipo de punição parental (bater, gritar ou por de castigo) relacionada aos seus problemas urinários, como enurese noturna (xixi na cama) e incontinência diurna.
A punição de crianças com enurese pode ter consequências graves para seu desenvolvimento emocional e psicológico. “Em resposta a essas condições, práticas parentais punitivas podem surgir como uma abordagem inadequada, pois aumenta o estresse e a ansiedade nas crianças, além de intensificar os desafios do tratamento e afetar a qualidade de vida”, explica Ubirajara Barroso.
Ao invés de ajudar a criança a superar o problema, a punição por fazer xixi na cama geralmente a leva a desenvolver:
Vale mencionar que a punição devido aos escapes de xixi não prejudica apenas a criança, mas também impacta negativamente a saúde mental dos pais. A frustração, a culpa e a sensação de impotência podem levar a conflitos familiares e afetar a qualidade de vida de toda a família. É importante ressaltar que os pais não são culpados pela enurese de seus filhos, mas precisam de apoio e orientação para lidar com a situação de forma mais eficaz.
Diversos fatores podem influenciar a decisão dos pais de punir seus filhos que fazem xixi na cama, como:
Para interromper o ciclo da punição e oferecer um tratamento eficaz para o ato da criança fazer xixi na cama, é fundamental que os pais busquem ajuda especializada. O urologista pediátrico pode identificar a causa do problema e indicar o tratamento mais adequado, que pode incluir:
“Esse estudo destaca a necessidade de conscientização e intervenções para reduzir práticas parentais punitivas, que podem agravar as condições de saúde das crianças e comprometer o tratamento. Os pais e cuidadores precisam entender que a criança que perde urina não faz isso por rebeldia e, sim, porque tem um problema de saúde que precisa ser tratado”, explica Ubirajara Barroso.
Portanto, a punição não é a solução para a enurese (xixi na cama ou escapes de xixi). Ao compreender as causas do problema e buscar ajuda especializada, os pais podem oferecer às suas crianças o apoio necessário para superar essa fase e ter uma vida mais feliz e saudável. É fundamental quebrar o ciclo da punição e construir um ambiente de amor e compreensão, onde a criança se sinta segura e acolhida.
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