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Bem-estar e Saúde / ENTENDA A CAUSA REAL!

Verme e diabetes: cientistas brasileiras são condenadas após desmentirem informação falsa

A bióloga Ana Bonassa e a farmacêutica Laura Marise negaram a relação entre verme e diabetes, além de informarem as reais causas da doença

Guilherme Giagio
por Guilherme Giagio

Publicado em 17/09/2024, às 17h00

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A juíza Larissa Boni Valieris, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível de São Paulo, julgou o caso. - Foto: Reprodução/Nunca Vi 1 Cientista
A juíza Larissa Boni Valieris, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível de São Paulo, julgou o caso. - Foto: Reprodução/Nunca Vi 1 Cientista

A bióloga Ana Bonassa e a farmacêutica Laura Marise, do perfil 'Nunca Vi 1 Cientista', foram condenadas pela Justiça de São Paulo após desmentirem uma informação falsa. Em julho de 2023, a dupla refutou um nutricionista que relacionou verme e diabetes.

O processo foi movido por André Luiz Lanca contra o perfil das redes sociais. Bonassa e Marise foram condenadas a excluir o vídeo do ar e a indenizar em R$ 1 mil o solicitante, mas a defesa vai recorrer da decisão. A juíza Larissa Boni Valieris, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível de São Paulo, julgou o caso. 

De acordo com a magistrada, o print do perfil do nutricionista, exposto no vídeo, extrapolou o"limite de consentimento de utilização da sua imagem por terceiros". Ela considera que o conteúdo "resultou um uma "mancha" de sua imagem na venda de seus serviços".

Verme causa diabetes? Entenda o conflito

No vídeo em questão, Lanca afirma que "diabetes é verme". Ainda segundo o nutricionista, "a desparasitação elimina toda e qualquer possibilidade de doença". Entretanto, a informação é falsa, e foi desmentida por órgãos confiáveis após o desfecho do caso.

Embora seja uma informação de conhecimento público e científico, Bonassa e Marise foram punidas pelo vídeo em que desmentiram a desinformação. No material, a primeira diz que Lanca estava "espalhando mentiras". As duas ainda explicaram as reais causas da doença.

Vale lembrar que Bonassa é doutora em ciências biológicas. Ela chegou a se apresentar com cientista, e citou o caso de um homem que perdeu a mãe por acreditar em informações falsas: "Ela abandonou o tratamento de diabetes e acreditou em protocolo de desparasitação".

À Justiça, Lanca argumentou que Ana Bonassa lhe imputava "a morte de seus clientes e seguidores". A cientista negou a atribuição. Ela afirma ter mostrado o perfil "em razão de o tratamento por ele oferecido não ser corroborado pela ciência". A juíza deu razão ao nutricionista.

Para Larissa Valieris, "a situação de vergonha e tristeza a que fora submetido o autor, em razão da conduta do réu em publicar, sem autorização, seus dados em vídeo junto a rede social de amplo alcance" evidencia que houve dano moral. Por isso, há a necessidade de danos morais.

Por outro lado, reconheceu que as postagens de Lanca apresentam "curas e teses no mínimo duvidosas". O próprio nutricionista afirma ter sido alvo de uma representação ao Ministério Público por charlatanismo. A  Promotoria arquivou o caso.

O que causa a diabetes? Não é verme!

De acordo com a estimativa do Ministério da Saúde, o Brasil tem 20 milhões de pessoas com diabetes. O número representa cerca de 10% da população total do país. E nenhum desses casos de diabetes foi causados por verme — ou nenhum outro no mundo. 

Isso porque a diebetes não é causada por verme. A diabetes é uma doença crônica que ocorre quando o corpo não consegue regular os níveis de açúcar no sangue. A doença é causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, gerada por fatores genéticos e externos.

Inclusive, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e o Conselho Federal de Nutrição, classificaram a relação entre vermes e diabetes como "um completo absurdo, sem qualquer embasamento científico”.

Em notas, as sociedades científicas e o CFN reforçam a origem da doença: "uma condição clínica, crônica e sem cura, que pode ser acompanhada de complicações impactantes, como cegueira, insuficiência renal, amputações de membros inferiores, doenças cardiovasculares, entre outras, levando à mortalidade precoce sobretudo naquelas pessoas com controle inadequado da doença”.

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