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Bem-estar e Saúde / QUAL O SEGREDO?

Superidosos: como é o cérebro de pessoas de 80 anos com memória 30 anos mais jovem?

Um artigo publicado na revista científica Journal of Neuroscience avaliou as diferenças do cérebro dos superidosos e os idosos 'comuns'

Guilherme Giagio
por Guilherme Giagio

Publicado em 15/10/2024, às 14h50

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Os cérebros do grupos se assemelham aos de pessoas entre 50 e 60 anos. - Foto: Freepik
Os cérebros do grupos se assemelham aos de pessoas entre 50 e 60 anos. - Foto: Freepik

O envelhecimento é frequentemente ligado à perda de memória e piora cognitiva, além de sintomas físicos. No entanto, essa não é a realidade de um grupo conhecido como SuperAgers — ou superidosos. Os vovôs e vovós são alvo de estudos científicos há cerca de uma década.

O motivo para isso é que, mesmo aos 80 anos, fase da vida em que a saúde cerebral tende a decair, eles ostentam uma memória 30 anos mais jovem. O caso, claro, intrigou a ciência. Mas, ao que parece, o segredo sobre os superidosos parece ter chegado ao fim.

Um artigo publicado na revista científica Journal of Neuroscience, em abril, ajuda a esclarecer o mistério. O estudo reuniu e comparou 119 octogenários da Espanha: 64 dos chamados superidosos e 55 idosos com capacidade de memória comum para a idade.

O estudo sobre os superidosos

Os participantes realizaram testes de memória, avaliação de habilidades motoras e verbais. Eles também foram submetidos a exames cerebrais e coleta de sangue, além de terem respondido  perguntas sobre seu estilo de vida e comportamento.

Superidosos: como é o cérebro de pessoas de 80 anos com memória 30 anos mais jovem
O cérebro do grupo apresenta diferenças significativas quando comparados aos idosos "comuns". Foto: Freepik

A conclusão é que os superidosos têm um 'encolhimento' cerebral menor do que o normal. Eles também apresentam diferenças em algumas regiões chave do cérebro, como o córtex entorrinal e o hipocampo, e conectividade mais preservada entre as regiões da parte frontal do cérebro, envolvida na cognição.

Bryan Strange, professor de Neurociência Clínica da Universidade Politécnica de Madri, na Espanha, que liderou os estudos, explicou que ambos os grupos analisados apresentaram sinais mínimos da presença dde Alzheimer em seus cérebros, descartando a influência da doença nas variações.

A pesquisa do Journal of Neuroscience reforça os resultados do estudo iniciado na Universidade Northwestern, nos EUA, há dois anos. A professora de Neurologia Emily Rogalski, que publicou um dos primeiros estudos sobre “superidosos” em 2012, foi quem liderou na época.

Em 2022, a conclusão do estudo de Rogalski é que os cérebros dos superidosos eram mais parecidos com cérebros de pessoas entre 50 e 60 anos do que com os de seus pares de 80 anos. A atrofia (encolhimento) mais lenta também foi detectada.

O segredo dos superidosos

De maneira geral, os superidosos apresentaram saúde mental e física melhor, com pressão arterial, metabolismo da glicose e mobilidade superiores. Porém, as semelhanças param por aí. É que, na verdade, não há segredo ou receita para se tornar um superidoso.

Segundo os especialistas, o grupo não apresentava nenhuma particularidade tão específica, além de diversas similaridades com os idosos 'comuns'. Entre dieta, quantidade de sono, histórico profissional ou uso de álcool e tabaco, nada se destacava. Alguns se alimentavam bem; outros não. Até fumantes estavam no grupo. 

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Segundo a pesquisa, uma semelhança entre os superidosos eram as relações sólidas. Foto: Freepik

"Temos algumas ausências surpreendentes, coisas que você esperaria que fossem associadas aos “superidosos”, mas que na verdade não estavam lá", diz Strange. Para Rogalski, a única semelhança é que eles tendiam a ter relacionamentos sociais sólidos. De resto, nada em comum.

"Em um mundo ideal, descobriríamos que todos os super-idosos comiam seis tomates todos os dias e que esse era o segredo",  brinca Tessa Harrison, cientista assistente de projetos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos EUA, que ajudou Rogalski no primeiro estudo sobre o tema.

Embora não existam números precisos sobre a quantidade de superidosos no mundo, Rogalski tem uma estimativa: ele são "relativamente raros". De acordo com ela, menos de 10% das pessoas que atende preenchem os critérios.  Já Strange defende que é fácil reconhecer um superidoso quando conhecê-lo: "São pessoas realmente muito enérgicas, você consegue ver. Indivíduos idosos, mas motivados e com muita disposição".

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