Especialista desmente alguns mitos envolvendo pedras nos rins
Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 12% dos homens e 6% das mulheres terão cálculo renal durante a vida. Popularmente conhecida como “pedras nos rins”, muito comuns entre a população brasileira, há várias informações circulando sobre a doença. No entanto, também há muitos mitos, e é importante entender cada um deles.
Trata-se da formação de cristais nos rins, que se manifestam através de pequenas pedrinhas no aparelho urinário (rins, ureteres, bexiga e uretra). Elas são extremamente comuns e podem afetar até 1 em cada 10 adultos. Além disso, os cálculos variam de tamanho, podendo ser pequenos e passar despercebidos ou grandes o suficiente para causar dor e desconforto intensos, que leva o nome de crise renal.
Justamente por serem tão frequentes e afetarem quase 10% da população, existem muitos mitos sobre este assunto, e é importante estar bem informado para evitar equívocos e saber como prevenir ou tratar esta condição. A médica nefrologista Tamara Cunha, especialista em prevenção de cálculos renais, esclarece os mitos mais comuns:
Embora a maior parte dos cálculos renais sejam formações cálcicas (um composto chamado oxalato de cálcio), é um mito que o consumo de cálcio aumenta o risco de formação.
“Na verdade, hoje sabemos que o cálcio proveniente da alimentação é um potencial aliado no tratamento dos cálculos de oxalato de cálcio e que estratégias de restrição da ingestão de cálcio podem piorar tanto as formações quanto a saúde dos nossos ossos”, explica a médica.
A hidratação é um dos pilares básicos no processo de prevenção de cálculos renais. No entanto, beber água em excesso não é benéfico para desfazer ou diluir as pedras nos rins. É importante beber quantidades suficientes de líquidos para manter a urina diluída, mas a medida indicada varia de acordo com o peso de cada um.
Existe uma regra simples que ajuda a calcular a ingestão de líquidos necessária por cada pessoa: multiplicar 30mL para cada kg de peso. Assim, um adulto mediano, que pese 70 kg e não apresente problemas de saúde que indiquem limitar o consumo de líquidos, deve ingerir 2100 mL - ou 2,1 litros - ao longo do dia (30 x 70 = 2100 mL).
A predisposição genética pode, sim, aumentar o risco de formação de cálculos renais, mas qualquer pessoa pode desenvolvê-los. Hoje, sabe-se que a maior parte das pessoas que desenvolvem pedras nos rins apresentam tanto fatores genéticos quanto ambientais – sendo os principais o sedentarismo e uma dieta desequilibrada.
Mesmo que a dor nas costas seja um sintoma comum de pedras nos rins, outras manifestações incluem dor ao urinar, micção frequente ou urgente, náusea e vômito, dor abdominal, sangue na urina e febre. Dependendo do tamanho e localização do cálculo, os sintomas podem variar.
Embora muitas pedras nos rins possam ser eliminadas naturalmente através da urina, algumas podem ser grandes demais ou obstruir o trato urinário, sendo urgente a avaliação por um médico. Em alguns casos, pode ser necessário um tratamento para eliminar os cálculos renais, seja através de medicamentos ou procedimentos urológicos.
Tamara Cunha explica que o consumo de chá de quebra pedra durante a crise não será capaz de dissolver o cálculo impactado e pode fazer com que o indivíduo atrase sua procura por assistência médica na expectativa de que a bebida resolva o problema.
Por fim, a médica reforça que é importante estar informado sobre os fatores de risco, sintomas e opções de tratamento para prevenir ou tratar o cálculo renal de maneira adequada. Além disso, é necessário saber que cálculos renais são diferentes entre si e, portanto, os fatores que levam à formação das pedras nos rins variam de pessoa para pessoa.
“Existem formas eficientes de prevenir este problema [pedras nos rins], mas somente uma avaliação individualizada pode ser capaz de estabelecer o tratamento específico e mais eficaz em cada situação”, finaliza a nefrologista.