Cada vez mais médicos endocrinologistas estão recomendando o uso de GH — o hormônio do crescimento — para crianças, principalmente aquelas que apresentam déficit de crescimento. Este tratamento pode ser crucial para garantir um desenvolvimento adequado, mas é importante entender quando e por que ele é indicado. O hormônio do crescimento é prescrito em casos específicos, como crianças com baixa estatura idiopática, deficiências hormonais ou condições genéticas que afetam o crescimento.
AnaMaria conversou com o endocrinologista Ricardo Oliveira, Mestre e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para explicar como funciona o tratamento com GH, quais são as indicações médicas para seu uso e como as famílias podem conseguir o tratamento com o hormônio do crescimento pelo SUS.
Quando é indicado que a criança tome hormônio do crescimento (GH)?
Nos últimos anos, vem sendo crescente o interesse de pais sobre o uso do GH. Muitas vezes, por achar que os filhos, em geral em idade escolar, não vêm apresentando o mesmo crescimento dos colegas de turma, busca-se uma opinião do médico endocrinologista acerca da indicação do uso de GH, visando otimizar o crescimento da criança. No entanto, Ricardo aponta que as indicações para o uso de hormônio do crescimento em crianças são precisas e bem definidas.
É indicado que a criança faça uso do GH nos seguintes casos:
- Quando houver uma deficiência do hormônio de crescimento, também conhecida pela sigla DGH (Nanismo Hipofisário);
- Quando houver diagnóstico de Síndrome de Turner (alteração genética em meninas que apresentam baixa estatura e atraso puberal);
- Quando houver diagnóstico de insuficiência renal crônica.
Mais recentemente, as indicações para o uso de GH foram ampliadas, podendo ser aplicadas também nas seguintes situações:
- Pacientes pequenos para idade gestacional (PIG) que não apresentaram o chamado catch-up, ou seja, que não recuperaram a estatura definida durante os primeiros anos de vida;
- Prematuros, principalmente prematuros extremos que não recuperaram estatura até 4 anos de vida;
- Pacientes com Síndrome de Prader-Willi (síndrome genética que cursa com obesidade, atraso puberal e atraso mental leve);
- Pós-operatório de cirurgias intracranianas ou trauma crânio-encefálico com redução da velocidade de crescimento;
- Baixa estatura idiopática (sem causa determinada).
Como funciona o tratamento com hormônio do crescimento (GH)?
O hormônio do crescimento (GH) é uma substância vital secretada pela hipófise, que desempenha um papel crucial no desenvolvimento infantil. De acordo com Ricardo Oliveira, o GH é liberado na circulação e se liga a receptores nos tecidos-alvo, promovendo o crescimento do corpo humano através da formação proteica, multiplicação celular e diferenciação celular. Esse hormônio é composto por uma cadeia única de 198 aminoácidos, com a glicina sendo o aminoácido mais importante para sua atividade biológica.
O sistema do GH inclui a molécula do hormônio do crescimento (GH), seu receptor (GHR) e a proteína carreadora (GHBP). O GH exerce uma ação anabólica, estimulando o crescimento tecidual, e uma ação metabólica, influenciando o fluxo, oxidação e metabolismo de praticamente todos os nutrientes na circulação. Essa combinação de ações permite um aumento significativo na velocidade de crescimento.
“O hormônio do crescimento atua de maneira direta ao se ligar aos seus receptores (GHRs) ou indiretamente ao estimular a síntese dos fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF) e suas proteínas transportadoras plasmáticas (IGFBP). Além disso, o GH pode promover efeitos anabólicos durante o pico de crescimento na adolescência ao estimular a síntese do IGF-1 pelo fígado. Dessa forma, o tratamento com GH pode ser essencial para crianças com déficit de crescimento, proporcionando-lhes a oportunidade de alcançar um desenvolvimento físico adequado”, explica o endocrinologista.
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