Você sabia que o tempo de tela das crianças pode estar comprometendo o desenvolvimento do cérebro delas? De acordo com o neurologista infantil Dr. Marcelo Masruha, o uso indiscriminado de dispositivos digitais por crianças e adolescentes está ligado a alterações cerebrais reais, queda de desempenho cognitivo e até diminuição do quociente de inteligência (QI). “Se você alimentar o cérebro com lixo, ele vai virar uma lixeira”, afirma.
O médico, que acaba de lançar o livro Salve seus filhos: como as telas estão lesando cérebros de crianças e adolescentes e os 7 passos para livrá-los do vício digital, defende que o tipo de conteúdo consumido tem papel ainda mais determinante do que o tempo de exposição.
Ele alerta que, se não houver supervisão, a exposição contínua a vídeos de baixa qualidade pode reprogramar o cérebro em formação, com consequências graves e duradouras.
Danos físicos ao cérebro em formação
As evidências científicas são preocupantes. Estudos recentes citados por Masruha identificaram alterações na substância branca e no córtex cerebral de crianças que passam horas diante de telas. Há, inclusive, indícios de que estímulos digitais inadequados e repetitivos podem provocar lesões cerebrais.
Essas mudanças estruturais se somam à queda no desempenho cognitivo, que já vem sendo apontada por pesquisadores como uma reversão do chamado Efeito Flynn – fenômeno que, até o início dos anos 2000, mostrava que cada nova geração tendia a apresentar QIs maiores que as anteriores. Agora, o que se observa é justamente o oposto.

Conteúdo importa!
Mais do que reduzir o tempo de tela, o especialista chama atenção para o que está sendo assistido. Plataformas como YouTube e TikTok oferecem uma infinidade de conteúdos com estímulos visuais rápidos, repetitivos e, muitas vezes, pouco educativos. Masruha reforça que não basta restringir: é necessário participar ativamente, assistir junto, comentar, orientar e, se preciso, proibir.
Para ele, é dever dos pais atuar como curadores da experiência digital dos filhos. “Eles não sabem se autorregular, essa é a sua função como responsável”, afirma.
‘Salve seus filhos’
A obra recém-lançada de Masruha serve como um manual de sobrevivência para famílias que enfrentam o desafio de equilibrar tecnologia e bem-estar. A publicação apresenta os impactos das telas no desenvolvimento físico, emocional e social das crianças, além de estratégias reais para mudar essa rotina.
Entre os sete passos propostos no livro estão desde o resgate de atividades offline até a criação de limites claros para o uso de aparelhos eletrônicos, tudo com foco em criar um ambiente familiar mais saudável, tanto em casa quanto na escola.
Como afastar seu filho das telas no dia a dia:
- Crie uma rotina visual com horários para brincar, estudar e descansar;
- Deixe brinquedos ao alcance da criança e estimule brincadeiras no chão;
- Faça passeios ao ar livre: parque, praça ou quintal;
- Reserve tempo para jogar ou conversar em família, mesmo que por poucos minutos;
- Evite usar a tela como “babá eletrônica” enquanto faz tarefas domésticas;
- Reforce elogios quando a criança estiver entretida em atividades sem tela.
Como “desviciar” uma criança de telas
- Comece reduzindo gradualmente o tempo de exposição, com combinados claros;
- Estabeleça zonas livres de tela: nada de celular durante as refeições, por exemplo;
- Use timers ou alarmes para marcar o tempo de uso permitido;
- Substitua o tempo de tela por atividades lúdicas: livros, massinhas, desenho, jogos de tabuleiro;
- Dê o exemplo: evite usar o celular na frente da criança o tempo todo;
- Converse sobre o motivo da mudança e envolva a criança no processo;
- Seja firme, mas afetuosa. Mudanças de hábito exigem paciência e constância.
Resumo
O neurologista Marcelo Masruha alerta para os impactos do uso excessivo de telas no cérebro de crianças e adolescentes. Entre os riscos estão alterações estruturais, queda no QI e déficit cognitivo. No livro “Salve seus filhos”, ele propõe ações práticas para resgatar o equilíbrio digital nas famílias, com estratégias acessíveis para reduzir o tempo de tela e proteger o desenvolvimento infantil.
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