É comum os pequenos chorarem quando os pais viram as costas e os deixam na escola. Mas se o problema for frequente e a criança estiver sofrendo, atenção: é possível que ela tenha fobia escolar, um distúrbio tão sério que pode até precisar de remédio. “O problema caracteriza-se pelo medo excessivo e prolongado de ir à escola. A criança fica muito ansiosa”, explica Luciana Romano, psicóloga do grupo terapêutico Núcleo Corujas, em São Paulo. Não dá para ignorar, né? Entenda os sintomas e saiba o que dá para fazer para evitar a situação!
Causas do problema
Esse tipo de comportamento pode ter muitas razões. Não querer ficar longe dos pais é uma delas: “Normalmente, o medo da escola quando a criança é pequena ocorre por causa da separação dos pais e da dificuldade de adaptação a um novo ambiente, onde ela se sente exposta e vulnerável”, diz Luciana. Se não for resolvido, o problema pode trazer consequências: “Ao longo do desenvolvimento, outras possibilidades podem aparecer, como a escola tornar-se um ambiente hostil, por bullying, professores muito rígidos e despreparados pra lidar com os aspectos emocionais e sociais da infância”. Atenção se ele faz muitos comentários negativos da escola!
Dá para evitar?
É importante fazer a adaptação escolar com calma, sem estresse. Não demonstre apreensão na hora de deixá-lo. “A escola e os pais devem estar dispostos a trabalharem em conjunto e serem parceiros”, ressalta Luciana. Se necessário, converse com a instituição para entender a recusa do pequeno. Muitas vezes, é indicada a avaliação com um psicólogo. “O colégio será um novo ambiente de socialização e os pais precisam entender que essa fase é fundamental. Percebemos que, muitas vezes, a família sente-se culpada ou mesmo triste por colocar a criança na escola tão cedo. Isso não é legal, com certeza, elas sentem e percebem tais sentimentos, o que pode também atrapalhar na adaptação”.
E o tratamento?
“A melhor forma de tratar a fobia escolar é buscar compreender os motivos desse comportamento – se estão relacionados à escola ou à dinâmica familiar, por exemplo. Assim, entenderemos o componente emocional e social envolvidos na situação”, aconselha a psicóloga. Converse bastante com o seu filho e reforce que a escola é um ambiente seguro e que ele sempre irá voltar para casa. Nada de repreensão, gritos ou brigas! De início, não é necessário o uso de medicamentos. A indicação, feita sempre por um psiquiatra, é normalmente para casos mais graves de transtornos de ansiedade. Segundo Luciana, antes de pensar em remédio, deve-se primeiro buscar um acompanhamento psicológico.
Sintomas comuns
Choro sem parar
Sudorese excessiva
Ataques de birra e raiva
Introspecção
Vômitos
Dor de barriga
Febre
Desmaios e tremores
Isolamento
A falta de apoio por parte dos pais e da escola para lidar com essa dificuldade tende a fazer com que os sintomas fiquem mais intensos e frequentes.
Estudar em casa é uma boa ideia?
A psicóloga diz que não! Ela acredita que a atitude não colabora em nada com o desenvolvimento da criança. “Tirá-lo desse mundo é reforçar a ideia de que a escola é um local ruim, que gera medo e insegurança. Lá, ele não aprenderá apenas a ler e a escrever. O ambiente escolar também é de muita socialização e desenvolvimento”. Ou seja, o colégio é essencial para a formação do ser humano, e o papel da família é fazer com que essa transição seja natural e agrável, na medida do possível.