Com o recesso escolar batendo à porta, pais e responsáveis começam a se organizar para preencher os dias das crianças com passeios, brincadeiras e atividades fora da rotina. Mas, em meio ao lazer, surge uma oportunidade de ouro: que tal aproveitar esse tempo livre para introduzir (ou reforçar) noções de educação financeira de forma leve e prática?
De acordo com Clariana Barcelos, pedagoga e fundadora da Poderoso Cofrinho, as férias são um ótimo momento para criar experiências que ajudem os pequenos a entender, na prática, o valor do dinheiro.
“A infância é a fase mais poderosa para formar hábitos duradouros. E isso vale também para os hábitos relacionados ao uso do dinheiro”, afirma a especialista.
Por que ensinar finanças desde cedo?
Um estudo da Universidade de Cambridge aponta que os hábitos financeiros começam a se formar por volta dos 7 anos de idade. Já uma pesquisa do SPC Brasil mostra que 58% dos brasileiros não receberam nenhuma orientação sobre finanças na infância, um dado que ajuda a explicar a dificuldade de tantas pessoas em organizar suas contas hoje em dia.
“Quando a criança aprende desde pequena a diferenciar desejo de necessidade, a lidar com limites e a fazer escolhas, ela leva isso para a vida. Não é sobre dinheiro em si, é sobre desenvolver autonomia, responsabilidade e consciência social”, explica Clariana.
Férias: o cenário ideal para começar
A especialista destaca que não é preciso transformar a criança em um “mini investidor”. A ideia é aproveitar situações cotidianas, como um passeio no parque ou uma ida à sorveteria, para estimular o raciocínio sobre escolhas, economia e planejamento.
“Férias são momentos de decisões práticas, como planejar um passeio, economizar para algo desejado ou até aprender a lidar com frustrações – e tudo isso pode ser usado como ferramenta pedagógica”, diz Clariana.
5 dicas práticas para ensinar educação financeira nas férias
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Inclua a criança nas pequenas decisões
Convide os pequenos para participar de escolhas simples, como o lanche de um passeio ou qual brinquedo comprar com um valor combinado. Isso ajuda a exercitar o senso de prioridade e limite. -
Incentive o uso do cofrinho
Pode parecer simples, mas o cofrinho é uma ferramenta poderosa. A criança vê o dinheiro crescer com o tempo e entende, visualmente, o valor de poupar para alcançar um objetivo. -
Use jogos e histórias a seu favor
Brincadeiras com dinheiro fictício, jogos de tabuleiro e livros infantis sobre o tema tornam o aprendizado mais acessível e divertido. É uma forma de ensinar sem parecer lição. -
Crie desafios de economia em família
Propor metas coletivas, como evitar comprar doces por uma semana para usar o valor economizado em um passeio, mostra o impacto direto das escolhas e ajuda a desenvolver autocontrole. -
Dê o exemplo
“Crianças aprendem muito mais pelo que veem do que pelo que ouvem”, lembra Clariana. Demonstrar atitudes conscientes no dia a dia, como fazer lista de compras ou evitar desperdícios, já é uma grande lição.
Educar para além do dinheiro
Mais do que aprender a guardar moedas ou controlar os gastos, o contato com a educação financeira desde cedo ajuda a formar cidadãos mais conscientes. “Estamos formando cidadãos com capacidade de pensar sobre consumo, sustentabilidade e justiça social. A criança que aprende a lidar com dinheiro, aprende também a lidar com o tempo, com os próprios desejos e com o outro”, finaliza Clariana Barcelos.
Resumo:
Férias escolares são ótimas para ensinar educação financeira às crianças de forma leve e divertida. Com exemplos do dia a dia e atividades simples, é possível desenvolver autonomia, responsabilidade e consciência sobre consumo desde cedo.
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