Quando eles ainda são pequenos, os amiguinhos estão sempre por perto e fica fácil entender como as amizades influenciam o comportamento dos nossos filhos. Mas quando a criançada começa a crescer, tudo muda. Primeiro são os passeios no shopping, depois as festas, as noites fora de casa… E quanto mais velhos, menor o nosso controle sobre as escolhas deles. É por isso que na adolescência muitos pais até perdem o sono com medo de a garotada estar andando com más companhias. Segundo a psicóloga especialista em terapias cognitivas Renata Maransaldi, de São Paulo, para evitar surpresas é essencial participar do dia a dia e conversar muito com os pequenos.
Só sexto sentido não vale!
Antes de chamar a atenção do seu filho, avalie a situação. O que faz com que você não goste dos amigos dele? Basear a implicância só no sexto sentido não dá! O fato de ele estar crescendo e passando mais tempo fora de casa pode ser a real razão da sua aflição, por exemplo. Converse com alguém próximo para ter uma segunda opinião sobre o assunto.
Ao invés de criticar, converse
Se as atitudes dos adolescentes com quem seu filho tem andado forem realmente preocupantes, dizer isso com sete pedras na mão não ajudará. Pelo contrário: poderá até despertar um interesse maior dele pelo grupo só para desafiá-la. Converse tranquilamente, perguntando sobre situações específicas nas quais os colegas têm se envolvido. Por exemplo, se ele comentou que um deles anda fumando, não recrimine o rapaz logo de cara. Pergunte ao seu filho o que ele faria se alguém lhe oferecesse um cigarro, e aproveite para falar das consequências do hábito pra saúde. Faça isso com jeitinho. Se precisar, dê o exemplo de algum conhecido que se arrependeu de ter começado a fumar tão cedo. Criticar diretamente pode afastar o jovem e desestimulá-lo a contar para vocês
o que acontece em seu dia a dia.
Quem está agindo errado?
“Depois que começou a andar com fulano, meu filho chega tarde em casa, está indo mal na escola…” Você já deve ter ouvido uma frase como essa. Os pais precisam se policiar, pois às vezes é mais fácil colocar a culpa numa terceira pessoa (no amigo) do que assumir que o filho está fazendo algo errado. Lembre-se de que as amizades podem até pesar no momento de tomar uma decisão, mas a responsabilidade de uma escolha errada será sempre dele. E de nada adianta culpar os demais pelo comportamento equivocado. Nesses casos, a família deve entrar em cena e trabalhar para que o adolescente corrija seus atos o quanto antes. Se for o caso, marque reunião com os professores. Demonstrar interesse por aquilo que está acontecendo na vida do jovem e participar de sua rotina é fundamental para que ele volte a andar nos trilhos.
Se for sério, busque ajuda
Às vezes, a convivência com um determinado grupo pode induzir, sim, o jovem a agir de forma errada. E um dos principais medos dos pais é que os filhos comecem a usar drogas. A mistura de curiosidade com a necessidade de ser aceito é motivo comum para que os adolescentes tenham esse tipo de comportamento. Daí a importância de conversar sobre o assunto desde cedo, ainda que seja difícil para vocês. Assim, caso algo lhe seja oferecido, ele provavelmente terá uma opinião formada e se sentirá mais confortável para falar sobre isso com os pais. No entanto, se notar mudanças de comportamento significativas, como isolamento, timidez ou agressividade excessiva, investigue. Caso ache necessário, leve-o ao psicólogo, pois o profissional vai ajudar a família a lidar com a situação.