Liberar ou não um celular para o filho pequeno? Esse é um dos grandes dilemas dos pais de hoje em dia. De acordo com a educadora Andrea Ramal, se os pais se sentirem mais seguros, eles podem, sim, comprar um aparelho para que o pequeno seja localizado ou ligue quando for necessário. Mas é preciso tomar cuidado com o estímulo ao consumo e exageros…
“Por que o celular pode ser prejudicial?”
É na primeira infância – dos 0 aos 6 anos de idade – que a criança aprende a desenvolver e controlar a própria atenção, concentração e o foco. Por conta disso, a superexposição a eletrônicos nessa idade pode afetar o desenvolvimento cognitivo do pequeno. “Quando usados simplesmente para distrair a criança, em vez de ensiná-la a esperar em silêncio, a se concentrar, ou a se esforçar a prestar atenção em algo entediante, os pais estão formando indivíduos menos pacientes e com baixa capacidade de esforço. E, com isso, podem surgir problemas de aprendizagem e, em alguns casos, distúrbios emocionais, como depressão, ansiedade, insegurança e dependência dos eletrônicos no futuro”, alerta.
Outro risco é o isolamento social. “Crianças plugadas convivem menos com os amigos e até com a própria família. Nas refeições, por exemplo, é comum ver quem é muito conectado entretido com um aparelho eletrônico e praticamente sem participar da conversa familiar”. Mas para a especialista, o problema não é a tecnologia. “O celular não é bom nem ruim. O problema é quando ele se torna o único ambiente do qual a pessoa vê e se conecta com o mundo.”
“Com que idade ele pode ganhar um celular?”
Segundo Andrea, a idade ideal para ganhar o aparelho varia de criança para criança. Uma boa medida é avaliar se é mesmo necessário. Ou seja, se seu filho costuma dormir na casa dos amigos ou faz algum esporte depois da escola, por exemplo, talvez já seja a hora. Além disso, os pais devem observar se a criança tem o discernimento necessário para usar esses dispositivos com autonomia, assim como para lidar com os problemas que eles podem trazer, como o volume de mensagens no WhatsApp, o acesso a conteúdos que podem ser impróprios para a idade, mas que não temos o controle de envio e recebimento e o controle de saber quando usar e quando desligar. “Crianças de 6 ou 7 anos de idade já podem usar celular e tablet em atividades de lazer ou de aprendizagem, em casa ou na escola. Mas para ter o próprio aparelho eletrônico, com conexão à internet e autonomia de uso, é necessário ter maturidade intelectual e emocional.”
“O que eu faço para ele não se viciar?”
➧ Comece dando um celular somente quando for necessário. Ele serve, por exemplo, para seu filho ligar para casa pedindo para você buscá-lo em uma festinha.
➧ Quando der o primeiro celular, monitore o uso nos primeiros meses. Veja se o aparelho está sendo um instrumento de ajuda ou se está atrapalhando a rotina dele.
➧ Estabeleça limites de tempo diário e evite deixá-lo ir dormir com o celular.
➧ Negocie a troca de minutos de uso dos aparelhos eletrônicos por tarefas importantes, como fazer deveres de casa ou atingir boas notas.
➧ Seja um exemplo: se não quer que seu filho fique conectado durante as refeições, deixe seu próprio aparelho desligado.