Papa Francisco aprovou, em decisão histórica, nesta segunda-feira (18) a bênção a casais do mesmo sexo e aos considerados, pela Igreja Catótica, “em situações irregulares”, tais como divorcioados, por exemplo. Apesar da decisão, a instituição não alterou o seu veto ao casamento homoafetivo.
O documento destaca que o ato não deve se assemelhar a um matrimônio. “Essa bênção nunca será realizada ao mesmo tempo que os ritos civis de união, nem em conexão com eles. Nem mesmo com as vestimentas, gestos ou palavras próprias de um casamento”, afirma um dos trechos do texto.
Em outra parte, o documento acrescenta que “a possibilidade de bênçãos para casais em situações irregulares e casais do mesmo sexo, cuja forma não deve encontrar nenhuma fixação ritual por parte das autoridades eclesiásticas, para não produzir confusão com a bênção própria do sacramento do matrimônio”. A marca do pontífice argentino está sinalizada no corpo do texto do Dicastério para a Doutrina da Fé.
Esta é a primeira vez que a Igreja Católica sinaliza em favor da benção a casais do mesmo sexo. O tema gera uma tensão interna na instituição devido a posição contrária, da ala conservadora, à liberação.
Vale lembrar que Francisco foi eleito em 2013 e se tornou o primeiro papa latino-americano da história. Desde então ele insiste na importância de uma igreja “aberta a todos”, o que tem despertado críticas dos conservadores, especialmente ao limitar o uso da missa em latim em 2021.
Agora, com essa concessão, o documento sinaliza que as bênçãos devem ser entendidas como atos de devoção e que quem as solicita “não deve ser obrigado a ter perfeição moral prévia” para recebê-la.
Em 2021, o Vaticano reiterou o seu posicionamento sobre a homossexualidade, considerando-a um “pecado”. Na época também reafirmou que casais do mesmo sexo não podem receber o sacramento do matrimônio. Apesar do não reconhecimento dessas formas de união pela Santa Sé, alguns padres já abençoavam casais homoafetivos, principalmente em países como Bélgica e na Alemanha.