Maria Alice, filha de Virginia e Zé Felipe, assustou o pai ao conversar com o ‘Tio Leandro’, tio-avô dela. O cantor sertanejo, irmão de Leonardo, faleceu em 1998, vítima de um câncer de pulmão. A menina, de apenas três anos, nasceu mais de duas décadas após a morte dele.
“Estava arrumando a mala, e a Maria Alice deitou na cama comigo. Nós estávamos conversando, brincando, e ela olhou para o lado e falou assim: ‘Não é, tio Leandro?’. Eu fiquei ‘Que isso, menina?’ Saí fora. Larguei ela lá, fiquei com medo”, confessou o marido da influenciadora.
Virginia acrescentou que essa não é a primeira vez que a primogênita do casal fala sobre o parente já falecido. “Quando ela coloca chapéu, a gente pergunta se ela está de boiadeira. Ela responde que não, que está de ‘Liandro’, a gente fala boiadeira e ela fala ‘não, eu sou o ‘Liandro’.
Por outro lado, a mãe das Marias ressaltou que a família não fala sobre o tema perto das filhas. Por isso, rapidamente surgiram teorias na internet. Enquanto alguns internautas creem que a proximidade da menina com Leonardo pode ter facilitado o “encontro”, outros acreditam que ela já ouviu sobre o tio-avô.
Afinal, qual a relação entre Maria Alice e tio Leandro? É apenas fruto da imaginação da criança ou algo que as demais pessoas não conseguem enxergar? Para entender, AnaMaria conversou com o espiritista Edson Sardano, também colunista da revista. Acesse a coluna clicando aqui.
O espiritismo explica?
Antes de tudo, o especialista explica que o espiritismo não é capaz de oferecer todas as respostas de maneira objetiva. Por isso, cada caso deve ser analisado de maneira individual, considerando as múltiplas possibilidades.
“O que é certo para nós espíritas? A vida continua, morre o corpo. A pessoa é o espírito. O espírito permanece em vida num outro plano, outra dimensão, e continua com a mesma consciência, com as mesmas relações emocionais, só que segue, dando continuidade à vida no outro plano”.
Uma das possibilidades para o caso de Maria Alice e ‘tio Leandro’, que não conviveram em vida, é que tenham se encontrado neste lugar. Ou seja, a criança estava no plano espiritual quando ele faleceu: “Ela desencarnada, antes de reencarnar e ele recém-desencarnado”, explica.
Sardano acrescenta que, na reencarnação, a vida funciona como um véu, que esconde o passado para facilitar a convivência na vida atual, sem a interferência do passado. Ainda assim, algumas pessoas carregam lampejos, sonhos, pensamentos ou visões de vidas passadas, chamadas reminiscências.
De acordo com ele, as crianças são mais suscetíveis ao fenômeno, já que o processo reencarnatório ainda não foi completamente finalizado. De maneira geral, a estimativa é que essa conexão maior entre os mundos dure até os sete anos de vida. No entanto, alguns seguem demonstrando ao longo da vida.
Por isso, crianças costumam falar de amigos virtuais ou imaginários, que podem ser espíritos que ela vê, mas não consegue diferenciar de pessoas encarnadas: “A tendência é que isso desapareça, mas no caso dos médiums mais explícitos, isso pode continuar”. Além disso, os animais também têm uma sensibilidade maior para notar a presença de espíritos e vibrações das pessoas.
Proximidade com Leonardo e reencarnação
Outro ponto levantado por alguns internautas é a proximidade, em vida, da menina com o avô, Leonardo. Por isso, Maria Alice e ‘Tio Leandro’ também seriam próximos: “Tá explicado a conexão dela com o avô”, disse um perfil.
Edson confirma que, normalmente, os espíritos tendem a reencarnar junto a pessoas que são próximas e têm um laço: “Às vezes são laços, vamos dizer assim, de arestas, espíritos que estão separados, e na maior parte das vezes são laços de amor, laços de convivência, que voltam para ser reforçados, para dar continuidade nesse processo de evolução”.
Além disso, a possível reencarnação também foi debatida na internet. O especialista destaca que é possível, mas que acredita que não seja o caso. E nem mesmo as diferenças de gênero entre Maria Alice e Leandro seriam um impeditivo: “Espírito não tem sexo”, reforça.
O espiritismo e condição feminina
Por fim, o especialista também comentou o medo de Zé Felipe ao presenciar o possível diálogo entre a própria filha e o tio já falecido. Para ele, o temor ao lidar com os falecidos é uma coisa cultural, já que a morte sempre foi tratada como uma coisa ruim, sobrenatural e até assombrações e alma penadas.
“A morte não é castigo, o morto não é uma assombração […] A morte não é ruim, é um fato, que nos une e vai acontecer com todo mundo. Claro, a gente espera morrer da melhor forma, da forma mais convencional, na hora certa, mas faz parte”.
Edson explica que o morto é “apenas” o ente querido que desencarnou e está em outro ambiente e dimensão. Por isso, ele continua tão bom quanto era antes, além de carregar os mesmos defeitos: “E segue a vida, reencarna sucessivamente para corrigir isso tudo e se aprimorar e se tornar um espírito feliz mais adiante”.
“Então, tem uma série de explicações. O que é importante saber é que isso é perfeitamente possível, naturalíssimo, não tem nada de sobrenatural nisso. O espírito permanece vivo, ficou aqui o corpo, o espírito está em outro plano, tocando sua vida e pode haver esse encontro, pode haver esse intercâmbio sem problema nenhum. E nem sempre a lembrança vai ser com riqueza de detalhes, mas são lampejos”, finaliza.