O furacão Milton está devastando, desde quarta-feira (9), a costa oeste da Flórida nos Estados Unidos. Imagens impressionantes tem chocado o mundo devido as consequências desse fenômeno natural. Classificado como “altamente destrutivo”, ele trouxe preocupações com inundações e ventos fortes, especialmente nas áreas costeiras. Mas e o Brasil? Entenda se esse fenômeno pode acontecer aqui!
Os alertas sobre o fucarão começaram no início da semana. Na terça-feira (8), o presidente norte-americano Joe Biden alertou que o furacão Milton pode ser o mais devastador dos últimos cem anos. Ele pediu que os moradores da Flórida evacuassem imediatamente as áreas previstas na rota da tempestade. No Brasil, porém, as condições que favorecem a formação de furacões são extremamente raras.
Pode ter furacão no Brasil?
Fenômenos naturais impressionantes e perigosos como o fucarão Milton têm uma ocorrência raríssima no Brasil. Especialistas afirmam que as condições meteorológicas necessárias para a formação desses eventos não estão presentes em nosso país.
Mas por que, ao contrário dos EUA e de outros países frequentemente atingidos por esses fenômenos, o Brasil não precisa se preocupar tanto?
De acordo com meteorologistas consultados pela BBC News Brasil, a probabilidade de furacões ocorrerem em terras brasileiras é quase nula. A explicação está na combinação de fatores que só se registrou uma vez em nosso território.
Atualmente, é praticamente impossível que um furacão atinja o Brasil, a menos que as mudanças climáticas alterem esse cenário. Isso porque o aquecimento global e a elevação das temperaturas oceânicas, entre suas consequências, podem criar por aqui,um ambiente propício para esse fenômeno.
Os furacões se formam quando as águas dos oceanos atingem temperaturas acima de 27°C e evaporam. Esse vapor, ao subir, encontra camadas de ar mais frias, resultando na formação de grandes nuvens de tempestade.
No Brasil, as temperaturas mais altas do mar estão especialmente no Nordeste, mas não passam de 26°C. Ou seja, a umidade e a temperatura elevada do oceano são essenciais para dar força ao furacão, mas ao chegar em terra, o fenômeno perde essa intensidade.
Outro fator crucial para a formação de um furacão é o cisalhamento ou “tesoura de vento”, que envolve mudanças na velocidade ou direção dos ventos. Esses padrões são raros em países próximos à linha do Equador, como o Brasil.
Os especialistas afirmam que essa característica também impede que tempestades formadas no Caribe atinjam nosso território, pois perderiam completamente a força ao se aproximar da linha do Equador.
Catarina: o furacão brasileiro
Historicamente, esse fenômeno foi registrado apenas uma vez no Brasil: o furacão Catarina, que atingiu o litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em março de 2004.
Naquela ocasião, cerca de 40 cidades foram afetadas, com ventos de até 180 km/h, e o resultado foi devastador, totalizando quatro mortes, 518 feridos e aproximadamente 33 mil pessoas desabrigadas.
Contudo, os meteorologistas classificam o caso como uma exceção, sendo uma condição atípica e muito difícil que algo semelhante ocorra novamente. A raridade do fenômeno provoca discussões se o Catarina pode ser considerado de fato um furacão.
O Brasil, entretanto, deve se manter atento em relação aos tornados, que são mais comuns e frequentemente por aqui.
Afinal, o que é um furacão?
Tanto tufões quanto furacões têm a mesma definição, sendo que a única diferença está no local de formação. Eles consistem em tempestades que podem se estender por centenas de quilômetros, surgindo em oceanos com águas quentes e podendo durar vários dias.
Esses fenômenos, classificados como ciclones tropicais, se formam no oceano Atlântico e na região leste do Pacífico. Por outro lado, os tufões se desenvolvem no oeste do oceano Pacífico. Assim, o furacão é um fenômeno atmosférico constituído por ventos giratórios que se deslocam em alta velocidade.
Os tornados, por sua vez, são núcleos de tempestades muitas vezes originados de furacões ou tufões, e costumam ser menores e têm uma duração média de cerca de uma hora. Isto é, eles têm menor intensidade em relação ao furacão, caracterizado pela formação e pela movimentação de uma coluna de ar que toca a superfície.
Ainda que menos intensos, a recomendação é sempre procurar abrigo ao avistar um tornado ou tromba d’água, pois os ventos podem ser extremamente perigosos, arremessando objetos e pessoas a grandes distâncias.
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