Dois irmãos de Araguaína, no norte do Tocantins, descobriram uma herança vencida ao revirar os pertences do pai já falecido: uma mala repleta de dinheiro. A fortuna, no entanto, veio com uma surpresa: são 32 milhões de Cruzados, uma moeda que deixou de circular no Brasil em 1989. Com cédulas ilustradas por figuras históricas, como o pintor Candido Portinari e o escritor Machado de Assis, as notas despertaram a curiosidade dos irmãos e levantaram a questão: afinal, existe alguma forma de converter essa quantia para a moeda atual? A resposta, infelizmente, não é das mais otimistas.
A herança vencida foi um achado emocionante, mas o valor dos Cruzados hoje é praticamente inexistente. A moeda foi substituída várias vezes até a chegada do Real, em 1994, tornando o montante de milhões pouco mais que uma lembrança histórica e, talvez, uma curiosidade para colecionadores.
O que são Cruzados e por que a moeda não tem mais valor?
O Cruzado foi a moeda oficial do Brasil entre 1986 e 1989, sendo criada como parte de um plano econômico que visava conter a hiperinflação do país na época. No entanto, com a economia brasileira ainda instável, o Cruzado foi logo substituído pelo Cruzado Novo e, posteriormente, pelo Cruzeiro, Cruzeiro Real e, finalmente, pelo Real. Em meio a essas trocas, o valor do Cruzado foi ficando cada vez mais distante da realidade econômica, o que, no fim, o tornou uma moeda completamente obsoleta.
Por essa razão, a conversão dos Cruzados para Reais não é mais permitida. Segundo as normas do Banco Central, cada moeda tem um prazo específico para que seja trocada pela seguinte, e o Cruzado, há décadas fora de circulação, perdeu completamente o valor de conversão. Ou seja, mesmo com 32 milhões de Cruzados em mãos, os irmãos não poderiam trocá-los no banco para obter qualquer quantia em Reais.
Pode valer para colecionadores?
Diante da impossibilidade de converter os Cruzados em dinheiro atual, a alternativa dos irmãos seria tentar negociar a herança vencida com colecionadores de notas e moedas antigas. No entanto, há algumas condições que devem ser atendidas para que as cédulas sejam consideradas valiosas para colecionadores.
Segundo especialistas em numismática, o valor de notas antigas depende de fatores como raridade, estado de conservação e série da impressão. Infelizmente, as cédulas encontradas pelos irmãos não estão em boas condições, com manchas e marcas de tempo, o que reduz significativamente seu valor de mercado.
Os membros da Sociedade Numismática Brasileira são responsáveis por avaliar o valor de moedas e cédulas antigas, e cada peça é avaliada individualmente, considerando sua raridade e estado de conservação. Embora as notas de Cruzados tenham certo valor histórico, sua alta circulação e a quantidade de exemplares existentes no mercado dificultam a valorização das cédulas como peças de coleção.
Uma história curiosa
Mesmo que a herança seja tecnicamente “vencida”, a descoberta dos irmãos não deixa de ser uma história curiosa e emocionante. Afinal, encontrar uma mala cheia de dinheiro sempre desperta aquela sensação de sorte e mistério. Waloar Pereira Magalhães, um dos irmãos, comentou esperançoso sobre a possibilidade de “dar um jeitinho no banco” para converter o dinheiro.
Ele brincou ao imaginar que, caso fosse possível trocar a quantia, poderiam ter uma nova vida. Embora a conversão seja inviável, a experiência de encontrar uma herança vencida e inesperada trouxe um momento de alegria e curiosidade para a família.
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