As apostas esportivas se tornaram parte do cotidiano de muitos brasileiros. Estão nos uniformes dos clubes, nas transmissões de futebol e nos anúncios da internet. E o que deveria ser apenas diversão virou, para uma parte da população, uma estratégia financeira: uma pesquisa do InfoMoney conduzida pela TM20 Branding e pela Brazil Panels mostrou que 27,4% dos torcedores brasileiros utilizam esses sites com a finalidade de investir. Mas será que essa ideia faz sentido?
A resposta é não. Apesar de existirem termos como “trade esportivo” e a sensação de controle ao tentar prever o placar de uma partida (ou ao tentar prever o resultado de uma roleta digital), apostar é, antes de tudo, uma atividade de alto risco, muito diferente do que se entende por investir com planejamento e responsabilidade.
O que caracteriza um investimento de verdade?
Para ser considerado um investimento, é preciso que exista um ativo real envolvido. Pode ser um imóvel, uma ação de empresa, um título de dívida pública ou privada. Em comum, todos esses produtos têm base econômica, possibilidade de análise, diversificação de risco e retorno previsível – ainda que variável.
Investir também envolve objetivos de médio e longo prazo, como guardar para a aposentadoria, comprar uma casa ou garantir a educação dos filhos. Além disso, há sempre a possibilidade de consultar especialistas, comparar produtos e simular cenários para tomar decisões mais conscientes.
Já nas apostas, o cenário é diferente. O dinheiro é colocado em eventos ou plataformas que fogem completamente do controle de quem aposta. Mesmo que se acompanhe estatísticas e desempenhos dos times, não há qualquer garantia de retorno. O resultado é sempre imprevisível – e, na maioria dos casos, quem aposta acaba perdendo.
O perigo de confundir jogo com planejamento
Entender que o jogo pode ser uma forma de investimento, planejado e seguro, é uma ideia que compromete a saúde financeira de muitas famílias. O problema é que, na tentativa de “recuperar” perdas ou garantir um dinheiro extra no fim do mês, muitas pessoas acabam retirando recursos de investimentos reais ou até entrando em dívidas para continuar apostando. Em alguns casos, isso leva a quadros de estresse, ansiedade e até vício.
Apostas devem ser vistas como entretenimento – e só
A diferença entre apostar e investir precisa ficar clara: apostas são lazer, investimentos são planejamento.
O número de empresas do setor cresceu rapidamente após a regulamentação da atividade, no começo de 2025, o que impulsionou também ações voltadas à prevenção do vício. Hoje, muitas plataformas oferecem ferramentas de controle e até programas de acolhimento para quem apresenta sinais de compulsão, como o COMPULSAFE, que oferece apoio psicológico e psicoeducativo a apostadores. O programa dá as dicas a seguir:
- Não aposte para enriquecer
Se a motivação para apostar for ganhar dinheiro, acenda o sinal de alerta. O resultado de uma aposta depende do acaso, e não de uma estratégia financeira. - Procure ajuda especializada
Quem sentir perda de controle ou compulsão deve buscar ajuda de psicólogos, psiquiatras ou grupos de apoio. - Estabeleça limites claros
A maioria das plataformas permite definir limites de tempo, valores e frequência de apostas. Esses controles ajudam a manter a prática sob controle. - Fique de olho nos alertas da plataforma
Sistemas de monitoramento conseguem detectar padrões compulsivos e emitem mensagens de alerta. Ignorar estes avisos pode agravar o problema. - Considere a autoexclusão
Em casos mais graves, o próprio apostador pode se autoexcluir da plataforma de forma temporária ou definitiva.
Importante!
Entender que apostas não são investimentos é fundamental para quem quer proteger o seu dinheiro! Fique sempre atenta: evite acreditar em promessas de retorno rápido e avalie sempre o perfil de risco do investimento desejado.
Hoje, mais da metade da população brasileira vive sob alto nível de estresse financeiro. Muitas pessoas acabam enxergando nas apostas uma saída rápida, mas o que encontram é o risco de se enrolar ainda mais. Por isso, a dica é clara: não confunda emoção com estratégia. Quando o assunto é dinheiro, o melhor caminho continua sendo manter o pé no chão e ir devagar e com objetivos claros em mente.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1482, de 15 de agosto de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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