Não são só as habilidades inimagináveis que o corpo humano é capaz de alcançar que chamam atenção durante as duas semanas de Jogos Olímpicos. Outros fatores também ficam em evidência, como o estilo de cada atleta. Um dos destaques de Paris foi Rebeca Andrade que ganhou o coração de todo o mundo com trajes e maquiagens com cores inspiradas na bandeira do Brasil, e o cabelo, o qual ela soltava toda vez que subia no pódio.
Outra coisa que chama a atenção nas atletas é que, apesar dos treinos pesados e foco nos objetivos, é fato: cuidar do cabelo continua sendo uma prioridade. Afinal, deve ter algum segredo para que elas consigam manter o cabelo hidratado, mesmo se submetendo a fatores extremos e com a ajuda da tricologista Ana Carina Junqueira, AnaMaria destaca quais são os maiores desafios das atletas ao cuidar do cabelo – e suas soluções.
Suor no cabelo? Não queremos
Uma das partes fundamentais na rotina de um atleta são os treinos constantes e, para um estilo de vida saudável, deve ser na sua também. E nada de treinar fofo! Um treino sem sucedido é sinônimo de gotas de suor caindo, mas como nem tudo são flores, o problema é que o suor é um baita vilão ao cuidar do cabelo.
“O suor acumulado por várias horas no couro cabeludo leva à proliferação de fungos, predispondo à dermatite seborreica.” A tricologista explica, então, que o cabelo deve ser lavado depois de todo treino e que a lavagem mais frequente dos fios não é um problema. Pelo contrário, é até saudável para o couro cabeludo.
“Porém, se os fios forem ondulados, encaracolados ou crespos, e com tendência a ressecamento, esses fios devem ser protegidos com o uso de cremes leave-ins antes da prática do exercício e após o banho. Óleos de pontas também são altamente recomendados”, ela complementa.
Exposição ao sol
Quem acha que o sol atinge somente a pele não poderia estar mais enganada. De acordo com Ana, os raios solares são responsáveis pelo enfraquecimento da camada de gordura e provocam a fragilidade nos fios, deixando-os sem brilho ressecados e quebradiços. E, sim: os raios ultravioletas, ou raios UV (UVA e UVB), estão sempre ali, mesmo que o dia pareça estar nublado.
Portanto, o filtro solar, de rosto e de cabelo, são itens indispensáveis na nécessaire de quem treina ao ar livre. A especialista explica que, ao usar produtos que contenham filtros UV, a atenção especial deve estar no comprimento dos fios, que estarão mais ressecados e mais suscetíveis a danos.
“Para isso, deve-se usar e abusar de protetores térmicos antes das atividades e recomendo a aplicação de óleos da metade do comprimento do cabelo até as pontas todos os dias”, conta. Segundo ela, não é necessário se preocupar com a oleosidade do couro cabeludo, já que os produtos não serão aplicados diretamente nessa região.
Cuidado ao prender o cabelo
Prender o cabelo é outro desafio que atletas, e nós também, enfretamos ao treinar e que nos prejudica na hora de cuidar do cabelo. “Profissionais ou qualquer um que treina por várias horas diariamente e, principalmente, quem possui cabelos médios ou longos, precisam prendê-lo para que não os atrapalhe durante o exercício”, afirma a tricologista.
No entanto, ela esclarece que a pressão constante no couro cabeludo pode prejudicar a circulação local e levar menos nutrientes e oxigênio aos fios, resultando no enfraquecimento e queda severa: “Isso a médio e longo prazo pode levar a perda de cabelo, conhecida como alopecia de tração, na qual a raiz inflama e os fios caem.”
Sem contar que, devido à umidade e o calor gerados pelo uso desses acessórios, pode levar à dermatite seborreica. Porém, a menos que você pretenda cortar o cabelo, prendê-lo durante o treino é inevitável, até para protegê-lo do suor, e como solução, a profissional recomenda borrachas revestidas por tecido e, quando possível, de presilhas, tipo tic tac, para evitar a tração excessiva.
Gel de cabelo no dia a dia
Em esportes artísticos, como o nado sincronizado ou o salto ornamental, qualquer fio de cabelo fora do lugar pode causar perda de pontos, de acordo com as regras de beleza das Olimpíadas. Por isso, não é incomum ver atletas usando e abusando do gel de cabelo antes das competições.
E não são só elas que apostam nesse item para os fios. Para fazer o penteado viral da estética clean girl, que pode ser um coque ou rabo de cavalo sem nenhum cabelinho solto, produtos como esse também são utilizados. E, segundo a tricologista, não há problema nenhum, a menos que não seja removido de maneira correta.
“Devemos evitar colocar na raiz do cabelo e enxaguar bem após o fim da atividade física”, diz ela. Caso contrário, o gel pode irritar o couro cabeludo e causar a perda de cabelo. A dica da profissional para a retirada é utilizar uma máscara hidratante nos fios para amolecer.
“Depois, aplique o shampoo no couro cabeludo, massageie bem e enxague. Em seguida, use nos fios o condicionador e faça o enxague dois minutos após sua ação”, complementa Ana Carina.
Atenção ao mar e piscina
Quando pensamos em Olimpíadas, outros esportes que envolvem água também entram em jogo, como a própria natação ou o triatlo, que este ano foi realizado no Rio Sena. Quem prefere nadar, ao invés de correr, precisa ficar ainda mais atenta à proteção dos fios, pois só a touca não é suficiente.
Ana Carina explica que quando ativos nocivos, presentes na piscina e no mar, penetram nos fios, nossos poros perdem a água “boa” e agem diretamente na permeabilidade do cabelo: “Ativos como o cloro da piscina, poluição e sal do mar levam a abertura das cutículas e enfraquecem a estrutura dos fios, o que os torna mais ressecados, finos e frágeis.”
Antes e depois de entrar na piscina ou no mar, aposte em leave-ins e termo protetores líquidos ou em creme. Para cabelos mais porosos, utilize também óleos de pontas nos fios. Outra dica importante na hora de cuidar do cabelo é lavar os fios com água natural assim que sair da piscina.
Leia também:
Antes e depois: confira os procedimentos estéticos dos atletas brasileiros
Quanto ganha por medalha nas Olimpíadas? Confira a premiação dos brasileiros