Durante a pandemia de Covid-19, em março de 2020, encontramos novas maneiras de manter as interações sociais ativas, como as videochamadas. No entanto, fomos tomados pelo medo da solidão ou talvez pelo tédio. A pandemia reduziu amores rápidos e passageiros, pelo simples fato do isolamento social criar barreiras para novos relacionamentos. Na contramão dos aplicativos de namoro, os solteiros adotaram uma nova tendência: o slow dating, ou namoro lento. Esta abordagem promove encontros mais lentos e significativos, onde a personalidade e pontos em comum são mais valorizados do que o interesse físico.
No dia 15 de agosto é celebrado o Dia dos Solteiros. A data tem ganhado cada vez mais força no Brasil por reconhecer e valorizar os amores que também estão presentes em uma vida sem um par ‘oficial’. Um dos fatores determinantes para uma velhice saudável é a qualidade das relações.
O que é o ‘Slow dating’?
Na pandemia, começamos a buscar novas emoções que não poderiam ser encontradas dentro de nossas casas. De acordo com um estudo da Universidad Europea, durante o confinamento, o número de usuários de aplicativos de relacionamento cresceu 13,5%. Desde então, a forma como nos relacionamos mudou drasticamente.
Mesmo com o desejo de aproveitar a vida social no pós-pandemia, após um ano e meio de restrições, 53% dos jovens confessam temer flertar em restaurantes, bares e boates. Além disso, 68% já reconhecem que a maneira de encontrar um parceiro não será mais a mesma, conforme aponta um estudo realizado pelo aplicativo espanhol AdoptaUnTío. O medo do contágio e a incerteza sobre os hábitos de higiene dos novos relacionamentos são os principais motivos desses números.
A preocupação é tão grande que 74% dos entrevistados consideram importante que seus encontros sigam medidas de segurança e higiene, enquanto 79% afirmam que os aplicativos de namoro continuarão sendo uma ferramenta essencial para encontrar uma parceria no cenário pós-pandemia.
Neste novo cenário social, as relações superficiais perderam atratividade, enquanto o slow dating ganhou relevância. Esses tipos de encontros são caracterizados por um desenvolvimento mais lento, valorizando mais os interesses e a personalidade compartilhada do que a aparência física. Esse flerte prolongado, que gera um interesse crescente em conhecer a outra pessoa, substituiu o tradicional namoro rápido comum em festas e boates. Hoje, apenas 22% dos jovens ainda seguem essa prática.
A beleza de estar solteira
Nem só de encontros significativos vive uma pessoa solteira: segundo a psicanalista e especialista em relacionamentos, Carol Tilkian, é importante superarmos o estigma de que estar sozinho é um fracasso social: “Há muito amor numa vida sem namorado, mas para isso precisamos tirar o par romântico da ‘série A’ do amor e tratar todos os outros amores como coadjuvantes. Celebrar o Dia dos Solteiros é uma oportunidade de se reconectar consigo mesma e com pessoas que te amam e te valorizam de maneira consistente”.
Além disso, Carol Tilkian destaca que o Dia dos Solteiros pode ser um bom momento para desconstruir preconceitos para quem não está em um relacionamento formal. “Há uma pressão social que faz com que muitas pessoas sintam a necessidade de estar em um relacionamento para se sentirem completas. A data pode ser uma oportunidade para refletir sobre essas pressões e entender que a felicidade e a realização não estão necessariamente atreladas ao estado civil”, completa.
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