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Comportamento / RELACIONAMENTOS

Por que é tão difícil encontrar um relacionamento sério?

Na era dos aplicativos de namoro, engatar um relacionamento sério parece um grande desafio; entenda por que é tão difícil

Entenda por que é tão difícil engatar um relacionamento sério - Imagem │Unsplash
Entenda por que é tão difícil engatar um relacionamento sério - Imagem │Unsplash

Se você já teve a sensação de que está cada dia mais difícil engatar um relacionamento sério, saiba que não está sozinho. Se por um lado estamos mais conectados graças ao acesso à tecnologia, por outro, os relacionamentos sérios parecem menos duradouros e fortes. Apesar do leque de aplicativos e plataformas que facilitam encontros, como o Tinder, Happn, Bumble e Badoo, os desencontros amorosos são uma realidade. 

Pensando em entender a dinâmica que se apresenta, AnaMaria conversou com Caio Graneiro, psicólogo e idealizador do evento imersivo ‘Chega de Desencontro’, pensado especialmente para o público LGBTQIAPN+. No evento serão realizadas palestras e dinâmicas que visam refletir sobre a dificuldade em encontrar relacionamentos saudáveis. Confira a seguir!

Relacionamento sério na era dos aplicativos

Vivemos na era do ‘amor líquido’? A expressão, criada pelo polonês Zygmunt Bauman, descreve como se desenrolam os encontros amorosos na pós-modernidade. Segundo o sociólogo, devido à dinâmica acelerada da sociedade, os relacionamentos são cada vez menos duradouros: “Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo”, afirma Bauman.  

Antes de nos aprofundarmos no tema, devemos observar que nem todo compromisso duradouro é bom. “Antigamente, existiam compromissos duradouros porque havia uma lógica de que se a mulher saísse de um casamento, se fosse divorciada, teria pouco valor na sociedade”, diz o psicólogo.  

Por que é tão difícil encontrar um relacionamento sério?
Unsplash│Entenda por que é tão difícil engatar um relacionamento sério

Estar em um namoro ou casamento apenas pelo investimento de tempo pode não ser a melhor opção. Isso porque, arriscamos abdicar de valores importantes para cada um dos envolvidos. A dinâmica dos aplicativos de encontros não é necessariamente positiva, mas um relacionamento saudável é mais importante do que um compromisso duradouro. 

“Substituímos os relacionamentos sérios e duradouros por relacionamentos líquidos. Acho que nenhuma das duas coisas são boas. Um encontro que traga muita felicidade, potência, mas dure pouco tempo, também é um bom encontro”, destaca. 

A fragilidade das relações amorosas têm, muitas vezes, raízes na infância. “Muitas pessoas chegam na vida adulta tão feridas emocionalmente, que acabam buscando aquilo que é familiar, e não aquilo que lhe traria felicidade”, salienta Caio, que em seguida, complementa: “Se uma pessoa tinha um pai pouco afetuoso, frio ou distante, e encontra um parceiro afetuoso e carinhoso, pode não reconhecer aquilo como afeto e boicotar a própria relação”.

Isso significa que temos a tendência de repetir os padrões estabelecidos na infância. O movimento de quebra de padrões de afeto para estabelecer padrões mais saudáveis é feito através do processo terapêutico.  

Estamos mais intolerantes? 

De modo geral, as relações não acabam devido à intolerância ou falta de paciência com o outro. De acordo com Caio, o que acontece, na verdade, é o acúmulo de situações que não entram em pauta no diálogo do casal. Com a rotina e falta de comunicação, esses incômodos se tornam insuportáveis. 

“Às vezes, uma coisa que era super gostosa no começo da relação, como ‘Meu parceiro é super divertido’, acaba virando: ‘Ele não leva nada a sério’”, exemplifica o especialista. “Quer dizer, não é que o parceiro não leva a sério, ele é divertido, só que se a pessoa não aprende a comunicar, ‘Olha, agora preciso que a gente converse sério’”, completa. 

Por que é tão difícil encontrar um relacionamento sério?
Unsplash│Entenda por que é tão difícil engatar um relacionamento sério

Quando aprendemos a comunicar nossos incômodos, as características do outro vão se estruturando na relação de forma que as duas pessoas consigam caminhar até o meio do percurso, construindo uma relação saudável para ambos. 

O papel da idealização

Quando iniciamos um novo relacionamento, enquanto conhecemos mais profundamente o novo parceiro, temos que lidar com as expectativas que criamos a respeito da nova relação. Primeiro, é importante dizer que certo grau de idealização é importante. Precisamos acreditar na possibilidade de algo positivo, produzindo algum nível de fantasia boa para toparmos uma relação. 

“O que acontece é que quando essas idealizações vão se quebrando, as pessoas não conseguem substituí-las por algo que condiz com a realidade, mas que também é bom. Posso ter a expectativa de que essa pessoa vá fazer tudo para mim, mas no trajeto trocar essa idealização por ‘Vamos fazer juntos, vai ser legal”, diz Caio. 

A individualidade no relacionamento a dois

Em uma boa parceria, um se alegra com as conquistas do outro. Quando o outro é independente e realizado, o sucesso deve ser celebrado. Vale lembrar que, um relacionamento sério não necessariamente durará para sempre. É importante ter em mente que o medo de uma relação acabar pode impor um controle que faz com que uma relação séria não se mantenha. Quando há o desejo de que o parceiro seja muito feliz na realização pessoal dele, isso talvez implique que ele vá embora um dia. 

“Vejo muito isso no consultório: quando encontramos um parceiro que celebra nossas realizações, e nós celebramos as delas, a relação é tão legal que a gente não quer que ela acabe. Então o casal acaba dando um jeito, construindo pontes para que essa relação possa sobreviver e crescer a partir da realização de cada um”, pontua. 

Estamos menos interessados em relacionamentos sérios?

“As pessoas ainda querem as mesmas coisas de cinquenta ou cem anos atrás. Ainda querem um senso de propósito e pertencimento. Querem sentir que a vida tem um sentido e que elas pertencem. Isso não mudou”, opina o psicólogo. 

Nas gerações passadas, o relacionamento sério significava um casamento validado pela igreja e sociedade. Hoje, porém, o compromisso é menos pautado em um contrato e mais na felicidade, prazer e construção de vida. Assim, temos uma maior chance de sermos felizes em uma relação. 

“Agora é mais difícil produzir uma relação duradoura, é verdade. Mas quando uma relação duradoura acontece por escolha, por desejo, por propósito compartilhado, por desejo de construir uma vida em comum, aí a chance de felicidade é maior, porque há duas pessoas engajadas no mesmo propósito, no mesmo desejo. Nesse sentido, eu acredito que as pessoas ainda querem relacionamentos longos, compromissos sérios, desde que eles tenham sentido”, finaliza.

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