Depressão, ansiedade, síndrome do pânico são transtornos mentais de causas múltiplas, mas, muitas vezes, o gatilho está relacionado ao trabalho. O futuro Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecerá o burnout como transtorno mental.
Ele consiste em exaustão física e mental, indiferença e afastamento afetivo e queda da performance – tudo sempre em relação ao trabalho. O que fará parte de uma classificação internacional começou como uma síndrome depressivo-ansiosa relacionada ao mundo corporativo.
Antes, era um apelido usado pela mídia, descrito inicialmente por uma equipe médica que apresentava queda de rendimento no trabalho. E assim também pode acontecer ao boreout- expressão recente. “Bore” em inglês é enfado, tédio: “Ah, é apenas um trabalho, sabe?” Não há perspectiva, é pouco desafiador”… É isso!
O que chamamos de boreout é extremamente frustrante e pode ter o mesmo desfecho do burnout, ou seja, ansiedade e depressão. Burnout é pressão demais; boreout é estímulo de menos. Isso significa que profissionais de alta capacidade técnica e interpessoal vão sendo subutilizados.
E, quanto menos fazem, menos eficazes são. Aproveitam mal o tempo, mandam e-mail de madrugada para dar a impressão de que trabalham… A coisa pode piorar quando se veem na situação de mentir sobre resultados e forjar relatórios.
Pessoas que sofrem de boreout podem nem ter estresse inicialmente, mas, com o tempo, perdem o interesse pelo trabalho por causa da falta de oportunidade em mostrar sua capacidade. Ao contrário do burnout, em que há uma atitude mais cínica no distanciamento e perda de interesse.
É importante a reflexão e busca de metas (propósito na vida, família e profissão). E responder à pergunta: “Por que eu fico nesse trabalho que me desvaloriza tanto? A busca de ajuda de especialistas ambém é primordial para o tratamento do mal.
LUIZ SCOCCA é psiquiatra com mais de 20 anos de atendimento em consultório próprio, além da participação em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associações brasileira e americana de psiquiatria: ABP e APA.