Quando falamos sobre relacionamentos tóxicos, a primeira imagem que surge na mente é a de um romance problemático, cheio de manipulação e desgaste emocional. No entanto, relações tóxicas não se limitam aos relacionamentos amorosos; elas podem estar presentes em outros laços importantes da vida, como as amizades. Amizades tóxicas podem ser sutis e se disfarçar de cuidado, companheirismo e até de humor, o que dificulta perceber o impacto real que causam em sua saúde mental.
Como identificar que uma amizade está te fazendo mal
De acordo com Thais Requito, especialista em Mindfulness e Inteligência Emocional, se você sente que sai emocionalmente drenada após passar um tempo com determinada pessoa, essa amizade pode estar te fazendo mal. “Se você tem a impressão de que está sempre oferecendo apoio, mas raramente recebe o mesmo em troca, ou percebe que esconde suas conquistas para evitar críticas ou reações negativas, esses são sinais claros de que a amizade pode estar afetando o seu bem-estar de forma negativa”, explica Thais em entrevista à AnaMaria.
É essencial observar como você se sente após cada interação: você sai mais leve ou com uma sensação de cansaço emocional? Identificar esses padrões pode ser a chave para reconhecer amizades que estão te fazendo mais mal do que bem.
A psicóloga Marília Scabora, fundadora da Tribo Mãe, acrescenta que, muitas vezes, os sinais podem ser sutis, como uma tensão leve antes dos encontros ou uma constante sensação de desvalorização. Amizades tóxicas podem envolver dependência emocional, onde o outro não respeita seu espaço, e insegurança, que faz com que você ande “pisando em ovos” para evitar críticas.
Como a amizade tóxica drena a saúde mental?
Manter amizades tóxicas tem um preço alto. O convívio constante com essas dinâmicas pode minar sua autoestima e afetar sua percepção de valor pessoal. “A competição constante gera um ciclo de autocrítica, criando um terreno fértil para insegurança e estresse”, explica Thais. O impacto a longo prazo pode incluir ansiedade, estresse crônico e uma sensação de inadequação.
Marília também reforça que amizades baseadas em controle ou manipulação emocional tendem a corroer a confiança e podem levar a um estado emocional em que a pessoa se sente constantemente sobrecarregada e esgotada. Se você se vê exausta após cada interação ou sente que a amizade é uma via de mão única, pode ser hora de repensar essa relação.
5 tipos de amizades que podem estar te fazendo mal
- A amiga competitiva: ela sempre parece encorajar, mas nunca perde a chance de comparar suas conquistas com as dela, criando uma competição velada. Thais ressalta: “Essa competição constante pode fazer você duvidar de suas próprias conquistas e levar a uma autocobrança desgastante”. Em vez de se sentir inspirada, você começa a se sentir menor e insegura.
- A que sempre está no centro das atenções: sabe aquela amiga que faz com que tudo gire em torno dela? Seja uma conversa ou uma situação, ela precisa ser o foco. Marília observa que esse tipo de amizade geralmente drena emocionalmente, pois a pessoa raramente se interessa por você e sua vida. A sensação de que você está ali apenas para apoiá-la pode ser exaustiva.
- A amiga “bem-intencionada”, mas controladora: ela sempre tem a opinião certa sobre o que você deve fazer e usa frases como “Eu só quero o seu bem” para disfarçar a necessidade de controlar suas ações. Sugestões passivo-agressivas e comentários que fazem você se sentir culpada por não seguir suas recomendações são sinais de uma amizade tóxica. Segundo Marília, “esse tipo de controle pode ser sufocante e afetar a sua confiança”.
- A amiga que faz “brincadeiras” que ferem: piadas recorrentes que apontam suas falhas ou fragilidades podem ser mais nocivas do que parecem. O humor depreciativo pode indicar desrespeito e mascarar uma dinâmica de rebaixamento. “Brincadeiras constantes que diminuem a autoestima são um sinal de alerta”, afirma Marília.
- A amiga dependente emocionalmente: ela exige atenção constante e não respeita seus limites, fazendo você sentir-se culpada se não puder atendê-la. Marília explica que amizades assim podem gerar um desgaste emocional, onde você se sente responsável pelo bem-estar da outra pessoa em detrimento da sua própria paz. Isso afeta diretamente sua saúde mental, causando estresse e ansiedade.
Como agir diante de amizades tóxicas
Se você reconheceu alguma dessas características em suas amizades, não se culpe. O primeiro passo, segundo Thais, é a autoconsciência: reconheça seus sentimentos e o impacto da amizade em sua vida. Em seguida, comunique os limites de forma assertiva e busque manter a conversa aberta e honesta.
Caso a dinâmica não mude e continue afetando seu bem-estar, Marília sugere considerar o afastamento como um ato de autocuidado: “O afastamento é necessário quando a amizade prejudica sua saúde mental, drena suas energias sem contrapartida ou reduz sua autoestima.”
Lembre-se de que priorizar a sua saúde mental e o seu bem-estar não é egoísmo, mas um ato de amor-próprio. Identifique, reflita e, se necessário, escolha proteger-se de amizades que só trazem desgaste.
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