Nos dias em que a temperatura sobe, poucas coisas parecem tão irresistíveis quanto entrar em um ambiente fresquinho com ar-condicionado. O problema é que esse alívio imediato pode vir acompanhado de efeitos indesejados: garganta irritada, nariz ressecado, crises alérgicas e até dores de ouvido. Não é o aparelho o vilão, mas sim a forma como o utilizamos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que a temperatura seja mantida entre 23 °C e 26 °C. Essa faixa ajuda a equilibrar conforto térmico e saúde. Quando o ar está frio demais em relação ao ambiente externo, a diferença brusca de temperatura pode favorecer inflamações das vias respiratórias, como sinusites, faringites e crises alérgicas. Além disso, o ressecamento provocado pelo ar-condicionado deixa as mucosas mais vulneráveis a infecções, por atrapalhar o mecanismo de defesa contido em nosso muco da via aérea.
O que você pode fazer para se proteger
Com alguns cuidados simples dá para aproveitar o frescor sem prejudicar a saúde:
- Hidrate-se bem: beber água ao longo do dia compensa o ressecamento das mucosas.
- Umidifique o ar: umidificadores ou até bacias com água ajudam a reduzir o impacto do ar seco.
- Mantenha o aparelho limpo: filtros sujos acumulam poeira, fungos e bactérias, gatilhos de alergias e infecções.
- Proteja o nariz: algumas gotas de soro fisiológico nasal ao longo do dia previnem o ressecamento e reduzem crises alérgicas.
- Evite o vento direto no rosto: direcionar o fluxo de ar para o corpo aumenta a chance de irritação na garganta e resfriados.
Quando ligar o alerta
Mesmo com esses cuidados, é importante observar sinais de que algo não vai bem. Dor de ouvido, congestão nasal, rouquidão persistente ou falta de ar podem indicar que o ressecamento das vias aéreas está comprometendo o funcionamento adequado dos ouvidos e da garganta. Nesses casos, a avaliação médica é fundamental.
Lembre-se: o ar-condicionado pode ser um grande aliado do bem-estar nos dias quentes. Basta usá-lo com consciência para que o conforto não vire problema.
Sobre o autor:
Dr. Bruno Borges de Carvalho Barros
Médico otorrinolaringologista pela UNIFESP
Médico do corpo clínico do hospital Albert Einstein
Especialista em otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cervico-facial.
Mestre e fellow pela Universidade Federal de São Paulo.
https://www.instagram.com/dr.brunobarros/