Estudo alerta que mudanças climáticas e perdas no sistema de distribuição podem causar racionamento em várias regiões do país.
O desabastecimento de água no Brasil pode se tornar uma realidade crítica até 2050. Segundo levantamento do Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria Econômica, a combinação de crescimento urbano, perdas no sistema de distribuição e mudanças climáticas pode comprometer o abastecimento em diversas cidades brasileiras.
Entre os principais achados do estudo:
- A demanda por água tratada deve aumentar cerca de 59,3% até 2050.
- A disponibilidade média de água nas cidades pode cair 3,4%, equivalente a 12 dias de racionamento por ano.
- Regiões mais secas, como o Nordeste e o Centro-Oeste, podem enfrentar racionamento superior a 30 dias anuais.

Qual é a origem do risco de desabastecimento de água?
O chamado desabastecimento de água ocorre quando o sistema urbano não consegue fornecer volume e qualidade adequados para toda a população. No Brasil, três fatores principais explicam o cenário:
- Aumento da demanda domiciliar por água, impulsionado pelo crescimento urbano e econômico.
- Perdas elevadas na distribuição, que chegam a cerca de 40% em média nacional.
- Mudanças climáticas, com aumento da temperatura, redução de dias de chuva e eventos extremos mais frequentes.
Ou seja, mesmo que a infraestrutura seja expandida, a combinação de ineficiência no sistema e clima adverso torna o abastecimento vulnerável.
Por que esse alerta chama atenção agora?
O Brasil enfrenta um ritmo acelerado de urbanização, pressionando redes antigas. Apesar da Lei do Saneamento exigir cobertura universal, muitos municípios ainda operam com deficiência de serviços e tratamento.
O estudo mostra que, em várias regiões, parte da água já tratada não foi plenamente entregue em 2023. Somando isso às mudanças climáticas, que podem elevar a temperatura máxima em 1 ºC até 2050, a situação se agrava.
Luana Pretto, presidente executiva do Trata Brasil, reforça:
“É urgente reduzir perdas e investir em gestão sustentável da água, pois onde já há escassez, a falta pode se prolongar por mais de 30 dias.”
Quais elementos tornam esse desafio único?
A projeção revela dados preocupantes e diferenciados:
- Média nacional de 12 dias de racionamento por ano; em regiões áridas, mais de 30 dias.
- Necessidade de produzir 10,672 bilhões m³ adicionais de água até 2050 se as perdas permanecerem nos níveis atuais.
- Consumo per capita de água pode subir de 175,29 litros/dia em 2023 para cerca de 204,86 litros/dia em 2033.
- A redução de perdas de 40% para 25% poderia suprir grande parte da futura demanda sem aumentar captação.

Elementos marcantes
- Crescimento da demanda por água tratada em 59,3% até 2050.
- Redução média de 3,4% da disponibilidade hídrica.
- Pressão sobre regiões mais vulneráveis: semiárido, Centro-Oeste e partes do Nordeste.
- Impactos das mudanças climáticas sobre oferta e consumo de água.
Quem vai se preocupar com esse risco?
- Cidadãos urbanos, principalmente no Nordeste e Centro-Oeste, onde o racionamento será mais severo.
- Gestores públicos e empresas de saneamento, responsáveis por políticas de eficiência e expansão.
- Pesquisadores e ativistas climáticos, atentos à relação entre clima e abastecimento urbano.
- Startups e empresas de tecnologia hídrica, interessadas em inovação para reduzir perdas e reutilizar água.
Curiosidades sobre a projeção
- Cada grau Celsius adicional eleva o consumo de água por habitante em 24,9%.
- Cada dia extra de chuva aumenta o consumo médio em 17,4%.
- Quase quatro litros de cada dez tratados não chegam às torneiras.
- Reduzir perdas para 25% diminuiria a necessidade de produção adicional em 2,138 bilhões m³ até 2050.
O que esperar do futuro do abastecimento urbano?
O futuro depende das decisões atuais. Existem dois cenários principais:
- Cenário de ação: investimentos em infraestrutura, redução de perdas, reuso de água e políticas de eficiência hídrica podem mitigar riscos.
- Cenário de inércia: manutenção da situação atual, aumento da demanda e impactos climáticos mais severos levariam a racionamentos frequentes e vulnerabilidade crescente.
O que fica claro é que cada decisão feita hoje impacta o abastecimento urbano de amanhã, reforçando a importância de políticas sustentáveis e investimentos imediatos.
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