Você já ouviu falar em FOGLO? Embora o nome possa soar estranho, trata-se de um fenômeno cada vez mais comum. A sigla em inglês é significa Fear of Getting Laid Off — ou, em português, o bom e velho medo de perder o emprego, seja por escolha própria ou da empresa.
Em um cenário instável, com trabalhadores cada vez mais insatisfeitos e oportunidades de trabalho cada vez mais escassas, a FOGLO só cresce. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de abril de 2024:
- 31% dos profissionais têm muito medo receio de serem demitidos;
- 15% sente medo moderado;
- 52% relatam pouca ou nenhuma preocupação.
Ou seja, embora boa parte dos entrevistados não tenham relatado o temor com a demissão, o tema assusta um em cada 3 profissionais do Brasil. Nos EUA, o cenário é parecido: os profissionais norte-americanos estão mais preocupados em perder o emprego nos próximos meses do que em qualquer outro momento dos últimos 10 anos, segundo pesquisa do Federal Reserve Bank New York.
Causas da FOMO no Brasil
No Brasil, o medo de perder o emprego não é irreal. Na verdade, é justamente o contrário: se mostra uma realidade mais próxima do que a maioria gostaria. Segundo relatório do Ecossistema Great People & GPTW, 16,7% das empresas do Brasil realizaram grandes rodadas de desligamentos em 2023.
Em 2022, o mesmo levantamento apontou que foram apenas 12,4% — ou seja, houve crescimento nas demissões de um ano para o outro. Por outro lado, há quem encare a demissão como um motivo de alívio e até felicidade.
Em agosto, o Ministério do Trabalho e Emprego entrevistou 53.692 pessoas em regime CLT que deixaram seus empregos entre novembro de 2023 a abril de 2024 para entender por que trabalhadores pedem demissão.
- 36,5% já tinham outra oferta de emprego;
- 32,5% citaram o baixo salário como motivação principal;
- 24,7% indicaram falta de reconhecimento no trabalho;
- 24,5% mencionaram problemas éticos com a empresa;
- 16,2% relataram conflitos com a chefia imediata;
- 15,7% destacaram a falta de flexibilidade na jornada de trabalho.
A pesquisa foi conduzida por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital – CTPS. No total, 951 mil dispositivos receberam a solicitação para participar do levantamento, resultando em 70.963 respostas válidas. Destas, 53.692 confirmaram o desligamento voluntário e os motivos para tal decisão.
Outro dado que serve como alento para os trabalhadores é o mercado profissional nacional. Ao longo do último ano, o cenário é positivo: no segundo trimestre de 2024, a taxa de desemprego caiu para 6,6%, o patamar mais baixo na última década.
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