Mudar de profissão depois dos 40 pode gerar dúvidas: é seguro? Vou perder renda? Será que consigo aprender algo novo? Para mulheres que desejam alinhar propósito e estabilidade financeira, a resposta é sim — com estratégia.
O estudo Empreendedorismo Feminino – Sob a Ótica da PNAD Contínua, realizado pelo Sebrae com base em dados do IBGE, aponta que o Brasil tem 10,4 milhões de mulheres empreendedoras em 2024, representando 34,1% do total. Apesar de maior escolarização, muitas enfrentam obstáculos para acesso a crédito, capital e redes de apoio, e empreendem por necessidade, conciliando múltiplas responsabilidades familiares e domésticas.
Maria Eduarda Guerra, CFO da Banlek, sabe bem como é dar esse salto. Formada em fisioterapia e atuante na linha de frente da Covid-19, ela decidiu mudar de carreira e hoje lidera o setor financeiro de uma startup em rápido crescimento. “Foi um salto no escuro, mas não no improviso. Mesmo sem todas as respostas, eu tinha clareza de uma coisa: queria evoluir. E, numa transição, isso pesa mais que qualquer certeza técnica. O que me moveu foi a confiança de que, com disciplina e acesso ao conhecimento certo, eu aprenderia o que fosse preciso”, conta.
A seguir, ela compartilha estratégias concretas para mulheres que desejam mudar de profissão depois dos 40 sem perder renda.
Reavalie o conceito de segurança
Muitas mulheres associam sucesso à estabilidade de longo prazo. “Existe um apego cultural à ideia de estabilidade, como se seguir uma mesma profissão por décadas fosse sinônimo de sucesso. Mas, no mundo atual, onde as habilidades mudam com rapidez, a segurança está muito mais em ser adaptável do que em estar há anos no mesmo cargo”, explica Maria Eduarda.
Dicas práticas:
- Faça um inventário de suas habilidades transferíveis.
 - Avalie quais competências podem ser aplicadas em áreas novas.
 - Planeje financeiramente os primeiros meses de transição para reduzir riscos.
 
Assim, a segurança passa a vir da adaptabilidade, não do tempo de serviço.
Cultive a curiosidade em vez da perfeição
“A busca pela perfeição paralisa. Já a curiosidade, movimenta. Em transições de carreira, é comum travar por medo de errar. Mas quem chega mais longe não é quem sabe tudo de início, mas sobre quem sabe fazer as perguntas certas”, reforça Maria Eduarda.
Dicas práticas:
- Experimente cursos online e mentorias.
 - Converse com profissionais da área que deseja seguir.
 - Teste projetos paralelos antes de abrir mão sua renda principal.
 
A curiosidade ativa ajuda a construir repertório e confiança sem comprometer suas finanças.

Diferencie recalcular a rota de desistir
Insistir em um plano que não funciona pode ser prejudicial. “Persistência é uma qualidade, mas insistência cega pode ser sabotagem. Tem horas em que mudar de caminho não é desistir, é responder aos sinais com maturidade. O mercado muda, a gente muda, e segurar um plano antigo só porque ele parece ‘coerente’ pode atrasar seu potencial”, lembra Eduarda.
Dicas práticas:
- Faça checkpoints trimestrais para revisar metas e resultados.
 - Pergunte-se: “Isso ainda faz sentido pra mim, hoje?”
 - Ajuste estratégias sem culpa, mantendo foco na renda e no crescimento.
 
Transforme outros papéis em combustível
Experiências como maternidade ou cuidados familiares podem impulsionar sua carreira. “Maternidade exige foco, gestão de tempo, resiliência — habilidades essenciais em qualquer ambiente de liderança. Em vez de ser um fator limitante, pode ampliar a capacidade de tomada de decisão e trazer mais intencionalidade às escolhas profissionais”, orienta.
Dica prática: mapeie competências que você desenvolveu fora do trabalho e descubra como aplicá-las em novas funções ou negócios.

Seja iniciante com orgulho
Muitas mulheres hesitam em começar algo novo por medo de parecer “iniciante”. “Hoje, o diferencial é ser aprendente: saber como aprender, como se atualizar, como construir novas competências. Ter repertório e humildade para recomeçar é mais valioso do que um currículo impecável”, aconselha.
Dicas práticas:
- Aceite a posição de aprendiz em novos desafios.
 - Registre aprendizados e habilidades adquiridas.
 - Use sua experiência como base, mas sem medo de recomeçar.
 
O início de uma nova carreira pode ser seu maior diferencial competitivo.
Resumo: A transição de carreira 40+ não precisa comprometer sua renda. Com planejamento estratégico, curiosidade ativa, avaliação constante de rotas e valorização das experiências pessoais, é possível construir um novo capítulo profissional com confiança e segurança. Cada passo é um aprendizado que fortalece sua trajetória.
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