Pode soar estranho, mas há quem tenha aversão à felicidade. Essas pessoas sofrem do que os psicólogos classificam de querofobia ou hedonofobia. Elas se ressentem diante de uma emoção positiva.
Segundo os especialistas, tratase de algo ainda pouco pesquisado pela comunidade científica. De acordo com a psicóloga Livia Marques, especialista na área cognitiva e comportamental, esse tipo de fobia está ligado a algum momento da vida.
“À infância, por exemplo, quando o indivíduo experimentou alguma situação boa e logo após recebe um reforço negativo”, analisa a profissional.
QUEROFOBIA OU TRISTEZA PERSISTENTE?
Os dois sentimentos causam apatia e pessimismo, segundo a especialista. “Entretanto, a pessoa com medo de ser feliz, na maior parte dos casos, consegue produzir e focar em um objetivo. Haja vista que muitos são altamente cobradores de si mesmos.
No caso da tristeza, a criatura está sempre apática e ela simplesmente, em grande parte dos casos, não acredita que pode fazer mais do que já tem realizado”, diferencia a especialista.
COMO PERCEBER
Vale dizer, esse medo não é algo possível de ser explicado verbalmente pelos indivíduos. “Na maior parte dos casos, as pessoas enxergam a querofobia de forma estranha. Afinal, não ter alegria, prazer e felicidade em uma sociedade que cobra euforia o tempo todo parece estranho. Então, se enquadram no diagnóstico, por exemplo, quem nunca está satisfeito com nada que realiza, mesmo que tenha sido um feito incrível. Pelo contrário, a criatura ainda se pune por desejar mais”, explica Livia.
SINTOMAS
- Necessidade de escapar de algumas situações e lugares;
- Dores de estômago;
- Ansiedade incomum;
- Dor de cabeça;
- Sensação constante de que algo ruim está para acontecer.
TRATAMENTO
Recomenda-se a psicoterapia. “Quem sofre com a querofobia precisa perceber o processo esquemático na qual está envolvida. Ou seja, identificar os motivos pelos quais entra em curso de fuga ou se excede na autocobrança. Essas razões, provavelmente, estão ligadas a uma possível memória de punição que aconteceu logo após viver um momento feliz e alegre na vida”, analisa Lívia.
A terapia vai trabalhar e colocar em prática estratégias de enfrentamento e acolhimento para essa pessoa. Técnicas de relaxamento e desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais também são de extrema importância.
PERFIL DAS VÍTIMAS
O problema atinge gente de todos os gêneros. O psicólogo precisa de uma visão do contexto de vida dessa pessoa.
Além disso, o querófobo (quem tem querofobia) necessita de que a rede de apoio, aquela formada por familiares e amigos, entenda que a vítima precisa buscar ajuda.
“Porém, normalmente, os pessimistas vivem relacionamentos defasados. Logo, podem se isolar. Em consequência, não têm muita gente por perto”, alerta Livia Marques.