A novela ‘Renascer’, da Globo, traz uma atualização importante em relação à sua versão original de 1993. Uma das mudanças mais significativas é a abordagem do tema da intersexualidade, que foi inicialmente introduzido com a personagem Buba (Maria Luísa Mendonça).
Buba era então descrita como hermafrodita, um termo que não é mais utilizado atualmente. Na nova versão, ela é uma mulher transexual, e a trama agora incluirá um bebê intersexo, filho da personagem Teca (Livia Silva). Veja mais sobre isso no canal de AnaMaria no Youtube.
A relação entre Teca e Buba se desenvolve em meio a conflitos e desafios. As diferenças sociais e de personalidade criam obstáculos para a convivência. Teca precisa lidar com a desconfiança de Buba e com a própria resistência em entregar seu filho.
Com o nascimento do bebê intersexo, a trama pretende educar e desmistificar preconceitos ainda presentes na sociedade. Logo após o nascimento, Augusto (Renan Monteiro) notará a ambiguidade genital do bebê e explicará que se trata de um caso de intersexualidade.
Posteriormente, ele e Buba levarão o recém-nascido a um especialista, confirmando a condição. Intersexuais nascem com características sexuais, incluindo genitais, padrões cromossômicos e glândulas (como testículos e ovários), que não se encaixam nas típicas definições de masculino ou feminino.
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Intersexo é um termo abrangente que inclui várias condições em que a anatomia de uma pessoa não se alinha estritamente com as normas sexuais masculinas ou femininas. Um exemplo seria uma pessoa que tem uma apresentação feminina, mas com anatomia predominantemente masculina.
Essas características podem ser visíveis desde o nascimento ou se tornar aparentes ao longo da vida. Segundo a Associação Brasileira Intersexo, o termo correto a ser utilizado é “intersexo”, e não “intersexual”, para evitar conotações inadequadas.
É importante destacar que a intersexualidade está relacionada à biologia e não à identidade de gênero. Pessoas intersexo podem se identificar como homem, mulher ou outra identidade de gênero, assim como pessoas não intersexo.
Já pessoas trans, como Buba, são aquelas que não se identificam com o gênero atribuído a elas ao nascer. Por exemplo, alguém que foi designado como homem ao nascer, mas se identifica como mulher, é considerada uma pessoa trans.
Ser transgênero está relacionado à vivência interna do próprio gênero. Isso envolve a autoidentificação e pode incluir ou não intervenções médicas. Essas intervenções médicas servem para alinhar características físicas com a identidade de gênero.
Atualmente, o termo “transexual” tem sido evitado porque, historicamente, o transexualismo foi considerado um transtorno psicológico. O termo “transgênero” é mais apropriado para se referir a essa comunidade, embora muitas pessoas prefiram a abreviação “trans”.
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A importância da representação na mídia
A inclusão de um bebê intersexo em “Renascer” é um passo significativo na representação de indivíduos intersexuais na mídia. A novela busca educar o público sobre a intersexualidade, promovendo uma compreensão mais ampla e compassiva dessas condições.
A trama não só reflete avanços sociais e científicos, mas também oferece uma oportunidade para discutir como lidar adequadamente com crianças intersexuais, algo que não foi explorado na versão original de 1993.
Ao atualizar sua trama para incluir um bebê intersexo, “Renascer” demonstra um compromisso com a relevância social e a educação do público. Ao trazer luz a temas como intersexualidade e identidade de gênero, a novela não apenas entretém, mas também informa e sensibiliza.
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