Você já ouviu falar em depressão sazonal? A nomenclatura se refere às mudanças sentimentais e comportamentais atreladas ao fator climático ou ambiental. De modo geral, o fenômeno está mais propenso a acontecer durante os períodos mais frios do ano, como o inverno.
De acordo com dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5% da população mundial sofre com o problema durante os meses mais frios do ano. É que a chegada do frio gera inúmeras consequências ao corpo e à saúde, como a queda nos níveis de energia.
A mudança ocorre com a influência de uma série de fatores climáticos, como explica Patrícia Dutra, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera. À AnaMaria, ela exemplifica com as alterações na temperatura e o ciclo do dia e noite/luz e sombra, comuns nos meses de outono e inverno.
Outro exemplo claro de possível causador da depressão sazonal é a redução da luz solar, que prejudica a produção de serotonina e melatonina, afetando o sono e o humor. “Mudanças climáticas afetam nossos ciclos gerando verdadeiras revoluções físicas que repercutem no emocional”, explica.
Por outro lado, Dutra ressalta que estudiosos sobre o tema defendem que o fenômeno não é causado somente pelas alterações climáticas. A argumentação correlaciona causas e sintomas ligados aos transtornos depressivos com diversos fatores e inter-relacionados, ou seja, são biopsicossociais.
A seguir, você confere mais sobre o problema.
A depressão sazonal
A depressão sazonal é um quadro patológico marcado por tristeza e demais sintomas associados que se desenvolvem em um padrão sazonal. O distúrbio, também conhecido como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), é mais comum no inverno, mas também pode aparecer em outras épocas do ano.
De acordo com a especialista, há outros fatores de risco para o desenvolvimento da doença, além da questão ambiental.
- Histórico familiar e pessoal;
- Quadros bipolares ou outros transtornos de saúde mental;
- Entre a faixa etária de 20 a 30 anos;
- Pessoas que apresentam transtornos hormonais ligados à diminuição da serotonina e aumento da melatonina.
Também é importante separar o fenômeno da depressão já conhecida. Neste caso, a principal diferenciação ocorre com a relação dos sintomas com as mudanças climáticas, visto que os demais tipos apresentam os sintomas de modo independente das estações do ano.
No entanto, de modo geral, o quadro depressivo é um estado complexo e multifatorial englobando aspectos psicológicos, biológicos, ambientais e sociais. A especialista explica ainda que é possível que a depressão sazonal torne-se crônica ou que haja alteração na manifestação dos sintomas a ponto de alterar o tipo da depressão. Desta forma, a patologia passa a receber outra nomenclatura, com base no quadro diagnosticado.
Tenho depressão sazonal?
É comum sentir-se entristecido, mau humorado ou com preguiça em alguns momentos, independente da estação do ano. Ao mesmo tempo, sensações mais introspectivas ocasionadas pelos meses de outono e inverno também são recorrentes. Isso ocorre pelos dias mais curtos e temperaturas mais baixas.
Porém, em ambos os casos, não necessariante está relacionado à depressão sazonal. Como exemplo, quem nunca preferiu um dia de preguiça embaixo das cobertas do que um encontro com amigos ou atividades ao ar livre durante um dia de baixas temperaturas?
“O Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), caracterizado por tristeza profunda e outros sintomas, surge sem justificativas plausíveis originando estado de desânimo, tristeza e desesperança sem motivos aparentes”, explica Patrícia. Além disso, como o próprio nome sugere, é preciso que haja sazonalidade dos sintomas para o diagnóstico de TAS.
O tratamento contra a depressão sazonal
Para reduzir as chances de desenvolver o problema, há alguns hábitos simples a serem seguidos. Patrícia enfatiza a importância da exposição à luz natural: “Pode ajudar a regular o humor e os padrões de sono, contribuindo para uma melhora significativa nos sintomas”.
A prática regular de atividade física, que libera endorfinas, neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar, e a alimentação balanceada, com frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras, são ferramentas fundamentais no combate à depressão sazonal.
Caso haja a desconfiança do diagnóstico, é recomendado se dirigir a um especialista. Isso porque, sem o cuidado, há a tendência do quadro se repetir em ciclos sazonais. Assim, é possível que o problema “evolua” a ponto de se tornar um quadro mais grave e independente do período do ano.
Como a depressão sazonal é quadro patológico multifatorial, necessita-se de apoio multifacetado. De acordo com Patrícia, o auxílio profissional deve ser ligado à area da medicina e da psicologia. Cada uma áreas irá atender necessidades específicas: “São tratamentos complementares que se mostram fundamentais para o cuidado integral”, salienta a profissional.
Por fim, ela reforça que a ajuda profissional se mostra importantíssima tanto para a pessoa que enfrenta o quadro depressivo quanto para as pessoas que convivem com o paciente.
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